Ataques russos foram lançados contra 73 cidades e vilarejos ucranianos nas últimas horas. Entre os alvos atingidos está uma prisão no sudoeste do país, em região parcialmente ocupada pela Rússia, e um hospital.O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, afirmou que pelo menos 22 pessoas foram mortas e 85 ficaram feridas em ataques contra 73 cidades e vilarejos ucranianos durante a noite de segunda-feira (28/07).

O ataque mais mortal aconteceu em um presídio na região de Zaporíjia, no sudoeste da Ucrânia. De acordo com autoridades locais, ao menos 17 pessoas morreram na instalação e 35 ficaram feridas.

Os bombardeios dessa noite atingiram ainda um hospital municipal na cidade de Kamianske, que matou três pessoas, incluindo uma mulher grávida de 23 anos.

Os ataques ocorreram horas depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter ameaçado Moscou com novas sanções caso não encerre sua invasão à Ucrânia em menos de duas semanas – encurtando o prazo dado anteriormente de 50 dias.

“Cada assassinato de nosso povo pelos russos; cada ataque russo, quando poderia ter havido um cessar-fogo há muito tempo, se a Rússia não tivesse recusado – tudo isso mostra que Moscou merece uma pressão de sanções muito dura, verdadeiramente dolorosa e, portanto, justa e eficaz”, disse Zelenski no X.

Ele agradeceu a Trump e a todos os líderes que pressionam a Rússia a cessar os ataques. “Ontem, o presidente Trump proferiu palavras importantíssimas sobre como a liderança russa está desperdiçando o tempo do mundo falando de paz enquanto, ao mesmo tempo, mata pessoas.”

“A paz é possível, mas somente quando a Rússia parar a guerra que iniciou e parar de atormentar nosso povo”, prosseguiu.

Ataque à prisão e crimes de guerra

O ataque à prisão de Zaporíjia foi classificado como “deliberado” por Zelenski. “Os russos não poderiam ignorar que estavam alvejando civis naquela instalação”, disse o líder ucraniano.

O governador de Zaporíjia – região parcialmente ocupada pela Rússia e atravessada pela linha de frente da guerra – afirmou que o ataque dessa noite destruiu a infraestrutura prisional e causou danos a casas próximas. “Os feridos estão recebendo toda a atenção médica necessária”, disse Ivan Fedorov.

De acordo com autoridades ucranianas, 274 pessoas cumpriam pena na unidade prisional atingida, onde 30 pessoas trabalhavam. Não havia prisioneiros de guerra russos detidos no centro.

Já o Kremlin negou nesta terça-feira a responsabilidade pelo bombardeio contra a prisão. “O Exército russo não ataca alvos civis. Os ataques são realizados contra infraestrutura militar e quase militar”, respondeu o porta-voz presidencial russo, Dmitry Peskov, à pergunta de um jornalista durante sua coletiva de imprensa telefônica diária.

Já o comissário de direitos humanos da Ucrânia, Dmytro Lubinets, afirmou que o ataque a Zaporíjia é mais uma evidência de “crimes de guerra” russos. “Pessoas detidas em locais de detenção não perdem o direito à vida e à proteção”, escreveu em suas redes sociais.

Além do ataque com bomba, a Força Aérea Ucraniana afirmou que a Rússia lançou 37 drones e dois mísseis durante a noite, acrescentando que seus sistemas de defesa aérea derrubaram apenas 32 drones.

Os ataques aconteceram exatamente três anos após uma explosão devastadora que atingiu o antigo presídio de Molodizhne, na região de Donetsk, então sob controle russo. A explosão destruiu o alojamento onde estavam detidos dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos — em sua maioria combatentes do regimento Azov capturados após a rendição em Mariupol. Mais de 50 pessoas morreram, e mais de 70 ficaram feridas.

Tanto a Ucrânia quanto a Rússia se culparam mutuamente pelo ataque.

sf (AFP, EFE)