03/11/2021 - 15:52
O ataque de drones dos EUA que matou 10 civis afegãos em 29 de agosto em Cabul foi um erro trágico, mas não violou nenhuma lei, disse nesta quarta-feira (3) uma autoridade do Pentágono que investigou o incidente.
Três adultos – incluindo um homem que trabalhava para um grupo de apoio dos EUA – e sete crianças foram mortos na operação que teve como alvo uma casa e um veículo onde se acreditava que estavam militantes do Estado Islâmico (EI).
“A investigação não encontrou nenhuma violação de leis, incluindo a Lei da Guerra. Erros de execução combinados com orientação de confirmação e falhas de comunicação levaram às lamentáveis mortes de civis”, disse o inspetor-geral da Força Aérea dos Estados Unidos, Sami Said, em um relatório.
“Foi um erro (não intencional)”, disse ele a repórteres no Pentágono. “Mas não foi uma conduta criminosa, (…) aleatória”, nem fruto de uma “negligência”, acrescentou.
Said disse que os envolvidos diretamente no ataque, que ocorreu durante a evacuação de dezenas de milhares de afegãos depois que o Talibã assumiu o controle do país, acreditavam genuinamente que estavam “alvejando” os responsáveis por “um ataque iminente”.
“O alvo do ataque, o veículo, seu interior e ocupantes, foram genuinamente avaliados na época como uma ameaça iminente às forças americanas e à missão no Aeroporto Internacional Hamid Karzai” em Cabul, segundo o relatório.
No entanto, a interpretação da inteligência e o monitoramento do veículo e de seus ocupantes por oito horas foram “terrivelmente imprecisos”.
“O que provavelmente falhou não foi a inteligência, mas a correlação dessa inteligência com uma casa específica”, explicou Said.
Os militares dos EUA acreditavam que estavam mirando em militantes do EI que planejavam um atentado às operações de evacuação, três dias depois de um ataque suicida a bomba no aeroporto que deixou 13 agentes americanos e dezenas de afegãos mortos.
Eles pensaram que o carro continha explosivos como os usados no ataque ao aeroporto. Após uma investigação preliminar, o Pentágono admitiu em 17 de setembro que foi um “erro trágico”.
O Pentágono anunciou que as famílias dos mortos receberiam uma indenização.
Said afirmou que não há a quem culpar pelo erro. Ele também disse que não era sua responsabilidade decidir se alguém deveria ser punido pela falha.