07/08/2022 - 9:03
A Jihad Islâmica Palestina, maior força militar na Faixa de Gaza depois do Hamas, disse neste domingo (07/08) que seu principal comandante para o sul da Faixa de Gaza, Khaled Mansour, foi morto em um ataque aéreo israelense na noite de sábado, em meio ao pior conflito fronteiriço entre Israel e militantes palestinos desde o ano passado.
“A liderança sênior da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza foi neutralizada”, disse o chefe de operações de Israel, major-general Oded Basiok.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) informaram, em um comunicado, que “nos últimos dias Mansour trabalhou para realizar um ataque de mísseis e foguetes antitanque em Israel e foi responsável pelo planejamento de um ataque terrorista em Israel ao longo da fronteira com Gaza, frustrado pelo IDF.”
As Brigadas Al-Quds, parte armada da organização islâmica radical, disseram que o ataque aéreo de sábado na cidade de Rafah matou, além de Mansour, outros dois militantes e cinco civis, incluindo uma criança e três mulheres. Os militantes palestinos responderam com disparos maciços de foguetes contra Israel.
Crianças entre os mortos
Forças de segurança israelenses disseram que 20 membros da milícia Jihad Islâmica foram presos. A violência transfronteiriça começou na segunda-feira passada e aumentou desde sexta-feira, quando Israel matou o comandante do grupo para o norte de Gaza apoiado pelo Irã, Taisir al-Jabari.
De acordo com o Ministério da Saúde palestino, 29 pessoas morreram e pelo menos 250 ficaram feridas desde sexta-feira. Entre os mortos, estão seis crianças – cinco delas morreram no sábado à noite após o impacto de um projétil no norte de Gaza.
Israel negou os relatos e disse que a causa das mortes de cinco crianças e um adulto no campo de refugiados de Jabalia foi o fracasso no lançamento de um foguete pela Jihad Islâmica.
Sirenes soam em Jerusalém
Militantes da Jihad Islâmica continuaram disparando foguetes contra Israel durante a noite de sábado, enquanto os militares israelenses mantiveram ataques aéreos em Gaza. A intensidade dos combates parece ter diminuído na manhã de domingo. Mesmo assim, sirenes de ataques aéreos soaram em Jerusalém, informou o Exército.
O grupo Jihad Islâmica disse que seu ataque na periferia oeste da cidade foi uma retaliação ao assassinato de Mansour. Não houve relato imediato de vítimas.
A violência forçou a única usina de energia de Gaza a fechar por falta de combustível, agravando a crise energética no território no auge do verão.
Na sexta e no sábado, a Jihad Islâmica disparou centenas de foguetes em território israelense que, de acordo com os militares israelenses, foram, em sua maioria, interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro ou atingiram locais inóspitos.
O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi disse que seu governo está tentando evitar novos confrontos e outros atos de violência entre os dois lados, informou o site de notícias estatal Al-Ahram. De acordo com relatos de Gaza, as Nações Unidas e o Catar também tentam mediar o conflito.
Os ataques aéreos também devem ser tema de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU em Nova York, convocada para esta segunda-feira a pedido de Emirados Árabes Unidos, Irlanda, França, Noruega e China.
Escalada no conflito
O atual pico de tensão começou após a detenção, na segunda-feira, do alto dirigente da organização Jihad Islâmica na Cisjordânia, Bassem Saadi.
Face a rumores sobre a possibilidade de ações armadas de retaliação a partir do enclave palestiniano, Israel lançou um ataque preventivo contra alvos da Jihad em Gaza.
A escalada no conflito ocorreu com a morte de Taisir al-Jabari na sexta-feira. Jabari liderava a Jihad Islâmica desde a morte de seu antecessor em 2019, em outro ataque aéreo de Israel, que também resultou em uma onda de conflito.
Por enquanto, o Hamas vem se mantendo à margem do conflito, o que conseguiu conter a sua intensidade. O grupo islamista, que governa o enclave palestino desde 2007, já travou quatro guerras contra os israelenses, além de inúmeras batalhas de menor proporção nos últimos 15 anos, que geraram enormes prejuízos para o território que abriga dois milhões de palestinos.
Os esforços de reconstrução dos danos causados pelos bombardeios durante a última guerra foram quase nulos, enquanto a população sofre com o aumento da pobreza e do desemprego que atinge quase 50% da população.
le (lusa, AP, AFP, Reuters, DPA)