O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve escolher nos próximos dias um novo diretor para o Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano. Em meio a uma pressão mais do que aberta e declarada para quedas de juros, o republicano poderá indicador um novo membro do Comitê de Política Monetária (Copom).

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O cenário se dá porque no fim da semana anterior a diretora do Federal Reserve, Adriana Kugler, decidiu renunciar ao seu cargo – um movimento considerado como surpreendente pelo mercado. Seu mandato estava previsto para acabar em janeiro de 2026.

A economista fora nomeada durante o governo de Joe Biden e, na sua atuação mais recente, estava na fatia de diretores que defendia uma postura mais austera e cautelosa, com manutenção das taxas de juros em patamares elevados por mais tempo – aguardando até que os efeitos das tarifas impostas por Trump sobre a inflação estivessem mais claros.

Assim, foi aberta uma vaga no poderoso conselho do banco central norte-americano e a situação pode abalar ainda mais o que já era um processo de sucessão turbulento para a liderança do Fed em meio a relações difíceis com Trump.

O presidente dos EUA disse no domingo, 3, que anunciaria um candidato para ocupar a vaga aberta no Fed nos próximos dias. A expectativa é de um possível nome para assumir a liderança do Fed futuramente, dado que o mandato de Jerome Powell termina em maio de 2026.

Diretora do Fed voltará a dar aulas

Kugler, aos 55 anos, deixará o cargo oficialmente no dia 8 de agosto, após pouco menos de dois anos ocupando a cadeira. Em sua carta, a diretora do Fed ainda em atividade declarou à Casa Branca que pretende retornar à Universidade de Georgetown, onde voltará para sua carreira de professora.

“Estou especialmente honrada por ter servido durante um momento crítico na realização de nosso duplo mandato de reduzir os preços e manter um mercado de trabalho forte e resiliente”, disse, no documento.

Nos quase dois anos como diretora da autoridade monetária, a economista integrou uma série de comitês, como o de Assuntos do Federal Reserve, de Estabilidade Financeira, além do Subcomitê de Bancos Regionais e Comunitários Menores.

Ela também representou o Conselho no Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos e visitou 10 dos 12 distritos do banco central norte-americano.

Casa Branca defende demissão de chefe de agência estatística

Além do conflito aberto com a autoridade monetária, os assessores econômicos da Casa Branca defenderam no domingo a demissão da chefe do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês), rebatendo as críticas de que a ação de Trump pode minar a confiança nos dados econômicos oficiais dos Estados Unidos.

Mais tarde, no domingo, o presidente dos EUA criticou novamente a comissária do BLS, Erika McEntarfer, sem fornecer evidências de irregularidades, e disse que nomearia um novo comissário nos próximos três ou quatro dias.

O representante de comércio dos EUA, Jamieson Greer, disse à CBS que o republicano tinha “preocupações reais” sobre os dados do BLS, enquanto Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional, disse que o presidente “está certo em pedir uma nova liderança”.

Hassett disse ao Fox News Sunday que a principal preocupação era o relatório de sexta-feira do BLS sobre as revisões líquidas para baixo, mostrando que foram criados 258.000 empregos a menos em maio e junho do que o informado anteriormente.

Trump acusou McEntarfer de falsificar os números de empregos, sem fornecer qualquer evidência de manipulação de dados. O BLS compila o relatório de empregos, que é acompanhado de perto, bem como os dados de preços ao consumidor e ao produtor.

O BLS não deu nenhuma razão para os dados revisados, mas observou que “as revisões mensais resultam de relatórios adicionais recebidos de empresas e agências governamentais desde as últimas estimativas publicadas e do recálculo de fatores sazonais”.

McEntarfer respondeu à sua demissão abrupta na sexta-feira em um post na plataforma de mídia social Bluesky, dizendo que foi “a honra de sua vida” servir como comissária do BLS e elogiando os funcionários públicos que trabalham lá.

A demissão de McEntarfer aumentou as preocupações crescentes sobre a qualidade dos dados econômicos dos EUA e veio na esteira de uma série de novas tarifas sobre dezenas de parceiros comerciais, fazendo com que os mercados de ações globais caíssem à medida que o presidente dos EUA avançava com os planos de reordenar a economia global.

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