22/03/2019 - 13:15
Na semana passada, o ator Robbie Coltrane, que interpreta Rúbeo Hagrid nos filmes Harry Potter, apareceu em um evento, em Londres, sentado em uma cadeira de rodas. A cena surpreendeu o público, que está acostumado a vê-lo tão imponente quanto o personagem.
Na ocasião, uma fonte disse ao jornal The Sun que Coltrane está constantemente com dor, já há alguns anos, e com o joelho deteriorado. “Isso o deixou impossibilitado de andar sem ajuda e ele está numa cadeira de rodas enquanto espera por uma cirurgia especial, nos Estados Unidos, para reparar a articulação”, contou a fonte.
Em 2016, o ator usou uma bengala no drama televisivo National Treasure após ser diagnosticado com osteoartrite, popularmente conhecida por artrose. No evento em Londres, Robbie Coltrane disse que os médicos descobriram que ele não tinha mais cartilagem em um dos joelhos.
O reumatologista Francisco Airton Castro da Rocha, presidente da comissão de osteoartrite da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), diz que a osteoartrite é a doença mais comum entre aquelas que acometem o aparelho locomotor.
“A principal complicação (da artrose) é a perda da função articular e limitação, principalmente pela dor que a doença provoca aos movimentos. A doença acomete mais comumente mãos, joelhos, quadril e coluna”, explica o médico.
Sobre a condição de Robbie Coltrane, o especialista afirma que, infelizmente, a artrose pode comprometer a articulação de tal maneira que a pessoa pode precisar de uma cadeira de rodas. O acessório é particularmente utilizado nos casos em que não é possível realizar uma cirurgia para substituir a articulação por uma prótese articular, uma vez esgotadas as possibilidades de tratamento não cirúrgico.
Porém, Rocha afirma que o uso de cadeira de rodas pode ser uma medida provisória durante a recuperação de um tratamento. No caso de Coltrane, ela será útil até a cirurgia. Após o procedimento, ele estará “pulando como um elfo”, segundo ele mesmo descreveu.
Cirurgia
O especialista da SBR afirma que as cirurgias são cada vez mais indicadas para casos de artrose. “O aumento da longevidade e a necessidade de manter a qualidade de vida das pessoas, para lhes dar mais independência, têm levado ao aumento do número de indicações de cirurgia para tratar a osteoartrite”, diz.
O objetivo da intervenção cirúrgica é restaurar a função da articulação e, principalmente, permitir locomoção sem dor ou com mínima dor. Segundo Rocha, isso ocorre “na imensa maioria das vezes” quando a prótese articular tem bom resultado.
A cirurgia é indicada quando se esgotam as possibilidades de benefício com tratamento não cirúrgico, que envolve medidas farmacológicas (medicamentos) e não farmacológicas, explica o reumatologista. No entanto, ele diz que, como a osteoartrite é uma doença sistêmica, que envolve várias articulações, o paciente pode precisar de acompanhamento clínico após o procedimento.
Embora seja benéfica, a cirurgia não cura a artrose – quando se trata de uma doença crônica com intervenções cirúrgicas para casos assim, quase nunca chega-se a esse resultado (a cura). Isso pode até desmotivar o paciente a buscar tratamento, mas é importante que ele o procure para preservar ou melhorar a qualidade de vida. “O abandono (do tratamento) geralmente resulta em piora”, alerta Rocha.