05/01/2025 - 9:23
Grupos de manifestantes pró e contra Yoon reuniram-se nas proximidades da residência do presidente deposto, em meio a frio intenso. Prazo para cumprir mandado de prisão contra o líder sul-coreano se aproxima do fim.Apesar do frio e da neve, manifestantes saíram às ruas de Seul, capital da Coreia do Sul, neste domingo (05/01), para se manifestar tanto a favor como contra a prisão do presidente destituído Yoon Suk Yeol.
O mandado de prisão contra Yoon, emitido devido à sua recusa em depor em uma investigação que apura sua decisão de decretar lei marcial em dezembro, deve expirar à meia-noite de segunda-feira.
Na sexta-feira, funcionários da agência anti-corrupção que lidera a investigação e policiais tentaram prender Yoon em sua residência, mas foram impedidos por militares sul-coreanos e membros da segurança presidencial. Após cinco horas, os funcionários da agência se retiraram para avaliar o próximo passo, mas à medida em que o prazo para o mandado de prisão se aproxima do final, outro impasse parece iminente.
Protestos contra Yoon
Centenas de manifestantes se reuniram na noite de sábado e no domingo perto da residência de Yoon, enquanto a temperatura mínima chegou a 5 graus Celsius negativos. Eles pediram sua destituição e prisão e apoiaram os esforços das autoridades para detê-lo.
“Temos que restabelecer os fundamentos de nossa sociedade punindo o presidente que renegou a Constituição”, disse Yang Kyung-soo, líder da Confederação Coreana de Sindicatos, um importante grupo trabalhista que participou dos protestos. “Devemos derrubar o criminoso Yoon Suk Yeol e prendê-lo e detê-lo o mais rápido possível.”
Não havia indicação de que os agentes anticorrupção e a polícia estivessem enviando agentes de volta à residência de Yoon novamente neste domingo.
Mas, durante o fim de semana, funcionários da equipe de segurança presidencial foram vistos se preparando para outra tentativa de prisão, colocando arames farpados perto do portão e ao longo da colina que leva à residência.
Manifestações pró-Yoon
Não muito distante dos protestos contra Yoon, grupos de apoiadores seguravam cartazes com os dizeres “Lutaremos pelo Presidente Yoon Suk Yeol”.
Outros cartazes traziam a frase “Stop the Steal” (Pare o roubo) – popularizada pelos apoiadores do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, depois que ele perdeu a eleição de 2020 para Joe Biden.
Eles criticaram o processo de impeachment contra Yoon e se comprometeram a bloquear quaisquer esforços para detê-lo.
Queda de braço entre forças de segurança
Enquanto isso, autoridades de ambos os lados tentam usar meios legais para constranger seus oponentes.
O Escritório de Investigação de Corrupção para Funcionários de Alto Escalão, que lidera a investigação criminal contra Yoon, pediu ao presidente interino Choi Sang-mok que ordenasse ao serviço de segurança presidencial que cumprisse o mandado de prisão. Choi não se manifestou a respeito.
Já funcionários do serviço de segurança presidencial ignoraram no sábado as convocações da polícia, que planejava interrogá-los sobre a recusa em permitir a prisão de Yoon na sexta-feira.
A própria agência anticorrupção considera “praticamente impossível” cumprir o mandado enquanto Yoon estiver na residência oficial.
O que está em jogo
Em 3 de dezembro, Yoon declarou uma lei marcial que restringia liberdades políticas e concedia poder aos militares, suspensa por ele seis horas depois após a Assembleia Nacional aprovar uma resolução exigindo o fim da medida.
Yoon decretou a lei marcial em um discurso televisionado sem aviso prévio, dizendo que o objetivo era eliminar “elementos antiestatais”, mas os legisladores correram para a Assembleia Nacional para votar contra a lei. Ao mesmo tempo, tropas fortemente armadas invadiram o prédio, escalando cercas, quebrando janelas e aterrissando de helicóptero.
Ele foi destituído do cargo pela Assembleia Nacional em 14 de dezembro, mas seu afastamento definitivo depende de uma decisão da Corte Constitucional sobre o processo de impeachment.
Yoon afirma que sua iniciativa foi um ato legítimo de governança e um aviso ao Partido Democrático, principal força da oposição que vinha usando sua maioria legislativa para travar o Orçamento e derrubar medidas de sua gestão.
Ele enfrenta acusações criminais de insurreição, que podem resultar até em prisão perpétua ou pena de morte. O mandado de prisão foi emitido após ele não se apresentar pela terceira vez para ser interrogado.
Os advogados de Yoon contestaram os mandados de detenção e busca, baseando-se em uma lei que protege locais que possam ter segredos militares contra buscas sem o consentimento da pessoa responsável – nesse caso, Yoon. Eles também argumentam que os oficiais anticorrupção não teriam autoridade para investigar as acusações contra Yoon.
bl (AP, Reuters)