27/10/2000 - 8:00
Divisão é uma palavra que persegue a AT&T. Em 1984, a gigante da telefonia foi obrigada pelo governo americano a se ?quebrar? em oito companhias, dando origem às baby-bells. Agora, seis anos depois, a empresa repete a dose. Não mais por imposição de órgãos federais, mas por necessidade. Na terça-feira 24, Michael Armstrong, presidente mundial da empresa, oficializou o projeto ?Grand Slam?, que cria quatro unidades independentes na AT&T a partir de 2002. São elas, as divisões de tevê a cabo, serviços sem fio, mercado de consumo e operações corporativas. Esta talvez seja a última cartada de Michael Armstrong, pressionado pelos acionistas para reverter a queda no preço das ações da AT&T, que já perdeu US$ 58,7 bilhões em valor de mercado este ano. Hoje, ela está cotada em US$ 87,8 bilhões.
Com a divisão, Armstrong pretende fortalecer as unidades de negócios e recapitalizar a empresa. Uma das estratégias é lançar mão de uma operação de tracking stock. Traduzindo: emitir ações em separado para cada uma das divisões, o que, em tese, facilitaria a captação de investimentos. Por fim, o presidente mundial estuda novas parcerias. British Telecom e Nextel estão na mira do executivo. Na América Latina, a operação é diferente. Segundo Lídia Rodriguez, gerente de comunicação corporativa para a região, a AT&T Latin America já é uma companhia separada da AT&T Global. ?Até as ações estão separadas na Nasdaq?, diz. ?O que vai acontecer é que as subsidiárias na região passam a se reportar à AT&T Corporativa, uma das novas empresas do grupo.? No Brasil, por enquanto, a AT&T opera por meio da NetStream, fornecedora de sistemas de fibra ótica adquirida recentemente. Mas também se prepara para disputar as concessões de telefonia celular nas bandas C, D e E.
Wall Street recebeu as notícias com certa desconfiança. Às vésperas do anúncio do ?Grand Slam?, segunda-feira 23, os papéis tiveram tímida valorização, encerrando o pregão a US$ 27,63, pouco acima dos US$ 27 da sexta-feira. O mercado prefere esperar. Enquanto isso, Armstrong, um apaixonado por tênis (daí o nome Grand Slam), promete virar o jogo.