03/05/2022 - 15:41
O mercado se prepara para um novo aumento das taxas de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) na quarta-feira, o segundo em menos de dois meses para conter a inflação, uma medida cujo impacto é sentido muito além dos Estados Unidos.
– Qual é o objetivo e quantas altas? –
O desafio do Fed é moderar as pressões sobre os preços sem levar a economia para a recessão.
O mercado espera um aumento das taxas de meio ponto percentual pela primeira vez desde maio de 2000, o que elevaria os juros entre 0,75% e 1%.
O organismo estuda a possibilidade de outros seis aumentos dos juros – um por reunião – até o fim do ano.
– Qual impacto terá nos mercados? –
Taxas altas podem ter impacto negativo no mercado acionário.
Com um financiamento mais caro, as empresas poderiam investir menos. Se os custos aumentarem, uma redução da renda e dos lucros poderia afetar o valor de suas ações.
– Impacto na dívida dos países pobres e emergentes –
Para as economias emergentes e em desenvolvimento, que pegam empréstimos em dólares, o risco está no aumento do custo do crédito.
O FMI e o Banco Mundial alertam para possíveis dificuldades para estes países se as taxas do Fed subirem muito rapidamente.
Muito endividados antes da pandemia, estes países acumularam mais dívida durante a crise sanitária.
– E os fluxos de capital? –
Quando as taxas de juros aumentam nos Estados Unidos ou em outras economias desenvolvidas, os investidores retiram fundos de mercados emergentes, onde os rendimentos costumam ser mais interessantes.
Se o Fed confirmar a mudança de rumo em reuniões posteriores este ano, isto colocaria pressão sobre as economias emergentes que precisam de fundos e poderia fragilizar algumas moedas. Os bancos centrais destes países podem reagir elevando suas próprias taxas de juros, algo que, por sua vez, poderia frear a atividade econômica.
– O mercado hipotecário nos EUA –
As taxas de créditos hipotecários e ao consumidor nos Estados Unidos serão afetadas.
Em março de 2020, quando o Fed reduziu seus juros, estimulou o mercado imobiliário.
Agora, mesmo antes de o Fed elevar as taxas em 0,25 ponto percentual em março, os pedidos de créditos hipotecários diminuíram, assim como as vendas de imóveis, em um mercado que tem mais demanda do que oferta.