23/05/2025 - 17:00
As mudanças no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) anunciadas pelo governo federal terão impacto direto sobre os gastos do brasileiro no exterior.
O governo decidiu unificar em 3,5% a alíquota de IOF sobre operações de câmbio com cartões de crédito, débito e pré-pagos internacionais, além de remessa de recurso para conta no exterior e compra de moeda em espécie. Até então o IOF cobrado de uma remessa para conta no exterior de mesma titularidade ou compra de moeda estrangeira em espécie era de 1,1%. Para cartão de crédito, débito ou pré-pago, era de 3,38%.
+ Governo aumenta IOF para câmbio, crédito e VGBL; entenda novas alíquotas
+ É uma uma equalização de alíquotas, diz Haddad ao defender mudança no IOF
+Recuo não inibe artilharia da oposição contra Lula por aumento do IOF
“A mudança no IOF torna qualquer operação internacional mais cara, por isso, o turista brasileiro agora precisa ser ainda mais estratégico, comparar plataformas, entender os custos embutidos e evitar decisões de última hora”, explica o planejador financeiro e especialista em investimentos, Jeff Patzlaff.
Patzlaff calculou como fica o valor da remessa de US$ 1.000 para o exterior após a mudança, e quanto custaria antes dos ajustes. O cálculo considerou a cotação de R$ 5,63, registrada no fechamento do mercado na quinta-feira, 22.
Veja antes e depois de custo para levar US$ 1 mil em uma viagem
Modalidade | IOF anterior | Custo anterior | IOF atual | Custo atual | Diferença |
Compra da moeda em espécie | 1,10% | R$ 5.696,82 | 3,50% | R$ 5.832,06 | R$ 135,24 |
Cartão de crédito/débito habilitado para uso no exterior | 3,38% | R$ 5.825,30 | 3,50% | R$ 5.832,06 | R$ 6,76 |
Cartão pré-pago | 3,38% | R$ 5.825,30 | 3,50% | R$ 5.832,06 | R$ 6,76 |
Remessa para conta ao exterior de mesma titularidade | 1,10% | R$ 5.696,82 | 3,50% | R$ 5.832,06 | R$ 135,24 |
Remessa para conta ao exterior de outra titularidade | 0,38% | R$ 5.656,25 | 3,50% | R$ 5.832,06 | R$ 175,81 |
Mais gasto com imposto
Como é possível observar na tabela, comprar US$ 1 mil em moeda em espécie ou depositar esse valor numa conta internacional em dólares, vai ficar R$ 135,24 mais caro a partir desta sexta-feira, 23.
“Até então, operações realizadas com cartão de crédito internacional, cartão de débito, cartão pré-pago e compra de moeda em espécie eram tributadas com uma alíquota de IOF de 3,38%”, explica o consultor de investimentos Harion Camargo.
Antes, comprar dinheiro em espécie ou utilizar uma remessa para uma conta ao exterior custava mais barato do que as opções em cartão. “Agora, com o novo patamar, essa vantagem desapareceu”, explica Patzlaff.
“Nas transferências para terceiros o impacto foi ainda maior, saltando de 0,38% para 3,5%, o que representa um aumento significativo nos custos para brasileiros que utilizam esse tipo de serviço”, complementa o head comercial da Exchange, Lucas Tavares.
Governo recuou só em parte das medidas
Ao ser questionado nesta sexta-feira sobre o aumento do IOF para gastos no exterior, Haddad disse que mesmo com o novo decreto o governo estará “praticando um IOF menor do que o governo anterior”. “Não considero que é uma medida voltada para a grande massa, é uma equalização de alíquotas”, afirmou.
Camargo, da Suno, destaca que o governo recuou de mudanças nas alíquotas de remessas destinadas investimentos, de modo que esta se torna a forma mais barata de enviar dinheiro para fora do país, “especialmente em comparação ao uso de cartões ou à compra de moeda em espécie”.
Um dos recuos do governo diz respeito à elevação de alíquota de 1,1% para 3,5% em remessas de recursos para conta de contribuinte brasileiro no exterior. Foi incluído no decreto o esclarecimento que remessas destinadas a investimentos continuarão sujeitas à alíquota 1,1%.
Na segunda mudança, em transferências relativas a aplicações de fundos brasileiros no exterior, o IOF passaria de zero para 3,5%, pelo decreto de quinta-feira. Com o novo decreto, será retomada a alíquota zero.
Tenho planos para uma viagem, e agora?
Como foram eliminadas as diferenças entre as várias formas de levar dinheiro ao exterior para fazer turismo, a avaliação não terá mais de ser feita de acordo com a modalidade.
Os especialistas recomendam que agora as pessoas atentem para o custo total oferecido pela empresa em que pensam comprar seus dólares ou enviar seu dinheiro.
“Será essencial comparar as taxas totais envolvidas em diferentes métodos de pagamento internacional, como cartões de crédito, cartões pré-pagos e transferências bancárias”, orienta Tavares.
Também devem ser considerados aspectos particulares do destino da viagem. “O cartão internacional pode valer mais a pena pela praticidade e segurança. Já em destinos com economia menos digitalizada ou com risco elevado de fraude, pode ser necessário portar uma quantia em espécie — mas agora isso custa mais”, explica Patzlaff.
Por fim, o planejamento prévio segue um grande diferencial, ou seja, “planejar remessas com antecedência, aproveitar momentos de câmbio mais favoráveis e minimizar o impacto do IOF elevado”, finaliza Tavares.
O especialista Jeff Patzlaff recomenda ainda fazer reserva para viagens de forma mensal, adicionado poucos valores todo mês. A estratégia, conhecida no mercado como “preço médio”, também ajuda a reduzir os impactos da variação do câmbio e a evitar “se assustar com esse tipo de medida do governo”.