09/09/2021 - 10:06
A Austrália continuará extraindo carvão para a exportação como consequência da crescente demanda internacional, afirmou nesta quinta-feira (9) o primeiro-ministro Scott Morrison, ignorando as recomendações de um estudo que pede para não explorar 95% dos recursos deste mineral no país para tentar deter o aquecimento global.
De acordo com este estudo, publicado esta semana pela renomada revista Nature, 89% dos recursos de carvão em nível mundial e 95% dos australianos não devem ser usados para alcançar 50% das possibilidades de cumprir com o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5 °C em comparação com os níveis do período pré-industrial.
O primeiro-ministro considerou, porém, que os recursos energéticos da Austrália são necessários para países em desenvolvimento e acredita que provavelmente a tecnologia permitirá em breve que o carvão seja queimado “de uma forma muito mais respeitosa com o clima”.
“Continuaremos extraindo os recursos que pudermos vender no mercado mundial”, acrescentou Morrison.
“É claro que prevemos que a demanda global desses produtos pode mudar com o tempo”, destacou.
Os recentes incêndios, secas e ciclones de intensidade pouco comum que atingiram este país pioraram, como consequência da mudança climática, de acordo com os cientistas.
Os ambientalistas afirmam que a passividade sobre este assunto poderia custar bilhões de euros à economia do país.
A Austrália, no entanto, se recusou a estabelecer um objetivo de zero emissão de carbono e continua sendo um dos maiores exportadores de combustíveis fósseis do planeta.
As exportações de carvão representaram 50 bilhões de dólares australianos (31 bilhões de euros, cerca de 36,7 bilhões de dólares americanos) de renda em um ano, e a indústria conta com 50.000 empregos diretos, destacou o ministro de Recursos australiano, Keith Pitt.
É o segundo produto com maior exportação do país, abaixo apenas do mineral de ferro.
“A realidade é que a demanda global de carvão australiano aumenta e deve continuar aumentando na próxima década”, afirmou o ministro em um comunicado, prometendo aos trabalhadores do setor um “compromisso a longo prazo” por parte do governo.
Líderes de 196 países se reunirão entre 31 de outubro e em 12 de novembro em Glasgow (Escócia) para a Conferência Mundial sobre o Clima (COP26).
Esta reunião, considerada a mais importante desde a de Paris em 2015 (COP21), planeja dar um passo decisivo no estabelecimento de objetivos para conseguir frear a mudança climática.