04/11/2022 - 23:38
Uma australiana de 42 anos descobriu que seus espirros constantes eram fruto de uma infestação de mofo em sua casa em Sidney, na Austrália, e acabou sendo diagnosticada com demência, esquecendo até mesmo o próprio nome.
Segundo o site australiano News, o clima úmido que assolou a costa leste da Austrália nos últimos 18 meses deixou muitos moradores preocupados com a rapidez com que o mofo pode se instalar dentro de casa – e como pode ser difícil se livrar dele.
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O problema é que nem todos sabem onde está o problema até que a situação esteja fora de controle. É o caso da australiana Amie Skilton, que faz parte dos 25% da população que tem vulnerabilidade genética às toxinas do mofo, o que significa que a exposição aos fungos perigosos desencadeia uma resposta inflamatória no corpo que pode até danificar alguns órgãos.
De acordo com o site, ela tinha 37 anos quando se mudou em 2016 para o atual apartamento com o marido. Na época, ela era “perfeitamente saudável”, chegou a participar de uma meia-maratona de nove quilômetros, esteve nos EUA para participar de duas conferências e fez 39 palestras nos seis meses anteriores à mudança.
“Meu cérebro estava bem e meu corpo estava bem”, comenta Amie Skilton ao News. O que ela e o parceiro não sabiam era que a impermeabilização do banheiro foi perdida após uma reforma e, como resultado, a água vazava para baixo do piso toda vez que o chuveiro era utilizado.
“Comecei a ficar doente, visivelmente doente, cerca de dois meses depois. Pode ter demorado porque era Verão e estava muito ensolarado, sempre tínhamos as janelas abertas e nunca percebemos que havia vazamento”, conta a australiana ao site.
O resultado foi que o mofo oculto gerou um “colapso sistemático” no corpo de Amie. “O primeiro sintoma que notei foram alergias, inclusive crônicas, e ganhei uns 10 kg do nada. Eu sou nutricionista e sempre tive o mesmo peso na minha vida toda. Engordei 10 kg em questão de meses e tive uma fadiga muito séria”, revela a australiana.
Ao longo de alguns meses, suas funções cerebrais também começaram a declinar. Ela apresentava problemas de concentração e no trabalho, revela o News. Quando estava no auge da doença, foi encaminhada a um neurologista que a diagnosticou com doença de Alzheimer tipo três, também conhecida como “Alzheimer por inalação”.
À medida que o problema avançava, coisas simples como sair de casa se tornaram tarefas árduas, porque esquecia onde estavam as chaves e, quando as encontrava, uma hora depois, tinha perdido o telefone.
“Alguns dias eu não conseguia descobrir como me vestir. Eu olhava para as roupas e ficava muito confusa sobre como vesti-las”, diz a australiana. Mas o sintoma mais assustador foi quando não conseguiu lembrar o próprio nome.
“Fui preencher um formulário um dia e estava olhando para a caixa que pedia meu nome e fiquei tipo, ‘qual é mesmo?’. Estava olhando para a pergunta, procurando por ele”, conta Amie Skilton ao News, acrescentando que foi um momento de horror por esquecer algo tão pessoal.
Como ela e os médicos que consultava não sabiam do problema de mofo na casa dela, os exames não apresentavam os resultados esperados. Amie diz que os problemas decorrentes desse tipo de fungo são um tipo de condição que poucos profissionais de saúde são treinados para lidar, o que significa que a maioria das pessoas acaba sendo diagnosticada erroneamente, como síndrome da fadiga crônica ou fibromialgia porque são sintomas semelhantes.
Conforme a australiana, até os exames de sangue não eram suficientes para mostrar o que estava realmente acontecendo.
A possível ligação de seus problemas de saúde com o mofo surgiu após a australiana ler uma publicação feita por uma amiga nas redes sociais.
Ela chamou bombeiros hidráulicos, mas não teve a resposta adequada. Apenas após contratar um biólogo especializado em construções é que conseguiu diagnosticar a infestação de fungos no apartamento.
Após confrontar a imobiliária, descobriu que eles sabiam do vazamento há cinco meses.
Com a confirmação do mofo, Amie Skilton conseguiu fazer exames específicos de certos marcadores inflamatórios, descobriu que um grupo particular de genes acabou acionando o chamado sistema de antígeno leucocitário humano.
“Ficou 100% claro que, não apenas o local estava com vazamento e mofo, mas também meu sistema imunológico reagiu de uma forma específico devido à minha genética”, comenta a australiana ao site.
Cinco anos depois, Amie está morando em uma casa sem vazamentos no norte do estado de Nova Gales do Sul, na Austrália. Segundo News, a função cerebral dela voltou ao normal, ela recuperou a energia e não está mais sofrendo nenhum dos sintomas horríveis causados pelo mofo.
Além disso, Amie Skilton se tornou técnica qualificada para análise de mofo residencial e pretende usar seu conhecimento para ajudar outras pessoas. Inclusive, um de seus clientes teve uma reação tão grave à exposição ao fungo ao longo do tempo que ficou em coma por três anos.