A nova classe média brasileira está cada vez mais ligada em moda e beleza. Uma pesquisa do Instituto Data Popular revela que os desembolsos da classe C com vestuário cresceram 153,2% nos últimos dez anos, passando de R$ 22 bilhões, em 2002, para R$ 55,7 bilhões, em 2012. O investimento e o grau de exigência, em relação aos produtos consumidos, crescem proporcionalmente ao aumento da renda. “Já se foi o tempo em que a classe C só comprava produto baratinho e de baixa qualidade”, afirma Renato Meirelles, diretor-geral do Data Popular. Essa mudança de postura está sendo impulsionada pelo público feminino. Um estudo do Data Popular mostra que 88,5% das mulheres revelaram ter pelo menos algum interesse em moda, contra apenas 54,8% dos homens. 

 

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Campanha da Riachuelo: 88,5% das mulheres têm interesse por moda,

contra apenas 54,8% dos homens

 

A consultoria também constatou que um fenômeno idêntico, ligado ao aumento da autoestima das consumidoras, vem beneficiando a indústria de cosméticos. O Brasil ocupa um importante terceiro lugar entre os maiores mercados de beleza do mundo, superado apenas pelo Japão e pelos EUA. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), as empresas do setor alcançaram um faturamento estimado em R$ 45 bilhões no ano passado. Parte apreciável dessa posição no ranking mundial se deve aos consumidores emergentes, que cultivam a vaidade com maquiagens, fragrâncias e produtos para cuidados com o corpo. 

 

Só neste ano, a classe C deve consumir R$ 28,2 bilhões em cosméticos, de acordo com o Data Popular. A pesquisa mostra ainda que seis em cada dez consumidores da classe C dão mais peso à qualidade que a preço quando o assunto é beleza. Não por acaso, as marcas brasileiras investem cada vez mais na criação de linhas que atendam esse público-alvo. O grupo O Boticário é um exemplo disso. A companhia criou a rede de lojas “Quem Disse, Berenice?”, em agosto de 2012, destinada exatamente ao consumidor emergente. Com dez unidades na Grande São Paulo, abertas em menos de quatro meses, a perspectiva da empresa é de chegar a centenas de unidades em todo o País nos próximos anos. O mercado, hoje competitivo com a vinda de dezenas de marcas estrangeiras, não parece preocupar a empresa. 

 

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Amiralian, da Phisalia: vendas de cosméticos populares devem crescer 20% em 2013

 

“Somos uma organização pronta para se tornar uma das principais no segmento de beleza do mundo”, diz Artur Grynbaum, presidente da companhia. Para criar a nova marca, a empresa paranaense investiu R$ 464 milhões na construção de fábricas e centros de distribuição na Bahia e no Paraná, além dos gastos em pesquisa, infraestrutura e tecnologia. A Jequiti, do grupo Silvio Santos, é outro caso de sucesso no mercado emergente. Fundada em 2006, a marca aposta no modelo comercial de venda direta, com mais de 190 mil consultoras em todo o território brasileiro. “Somos a prova clara de que não existe a necessidade de se pagar caro por um produto de alta qualidade”, afirma Lásaro do Carmo Jr., presidente da empresa.

 

O crescimento das vendas da indústria do bem-estar também tem criado um horizonte promissor para marcas mais populares. A Phisalia, fabricante de 120 linhas de produtos de higiene e beleza para o público infantil, com sede em Osasco, na Grande São Paulo, por exemplo, espera um crescimento de 20% das vendas neste ano, apesar da concorrência com as marcas tradicionais. “O consumidor da classe C está mais exigente, mais maduro e aprendeu que nem sempre o melhor produto é o mais caro ou o de marca famosa”, diz Eduardo Amiralian, diretor-executivo da Phisalia. Em 2012, a empresa faturou R$ 40 milhões, um aumento de 35% sobre o resultado do ano anterior. “Estamos nos aprimorando cada vez mais para atender os novos consumidores, que também estão refinando seus hábitos”, afirma o empresário. 

 

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