17/03/2025 - 15:55
Empresa informa que meta inicial era cortar 12 mil empregos. Setor enfrenta desaceleração da demanda por veículos elétricos e a concorrência chinesa crescente.A Audi, fabricante de carros de alto padrão pertencente ao Grupo Volkswagen, cortará 7.500 empregos na Alemanha até o final de 2029, num momento em que a indústria automobilística do país luta contra a desaceleração da demanda por veículos elétricos e a crescente concorrência chinesa.
A decisão foi anunciada nesta segunda-feira (17/03) pela empresa juntamente com o conselho dos funcionários, após extensas negociações. A medida, acompanhada outros cortes financeiros para os funcionários, visa reduzir gastos e economizar para a automobilística mais de 1 bilhão de euros (R$ 6,2 bilhões) por ano no médio prazo.
“As condições econômicas estão se tornando cada vez mais difíceis, a pressão competitiva e as incertezas políticas estão apresentando imensos desafios à empresa”, disse a Audi em comunicado.
A empresa e os representantes dos empregados tiveram uma série de desentendimentos em torno do plano de redução de gastos, mas conseguiram chegar a um acordo. O presidente da organização trabalhista, Jörg Schlagbauer, informou que a empresa planejava originalmente eliminar 12 mil empregos.
“A Audi precisa se tornar mais rápida, ágil e eficiente. Uma coisa é clara: isso não será possível sem ajustes na força de trabalho”, disse o presidente do conselho administrativo da automobilística, Gernot Döllner, embora ressalvando que “não haverá demissões por motivos operacionais até o final de 2033” e que “em tempos econômicos difíceis, essas são boas notícias para todos os funcionários”.
O atual programa de segurança no emprego, que exclui demissões compulsórias, será estendido até o final de 2033. Anteriormente, ele era válido até o final de 2029. A Audi também disse que planeja investir 8 bilhões de euros em suas unidades na Alemanha.
Os primeiros 6 mil empregos deverão ser eliminados até 2027, com outros 1.500 a serem cortados no fim de 2029. Ainda está em aberto como os cortes afetarão as unidades da empresa em Ingolstadt, próxima a Munique, e Neckarsulm. perto de Stuttgart. “Estamos posicionando Ingolstadt e Neckarsulm para serem robustas e flexíveis visando a desafiadora transição para a mobilidade elétrica”, frisou Döllner.
Gigantes alemãs promovem demissões em massa
O anúncio da Audi é o mais recente de uma série de demissões em massa planejadas por diversas grandes empresa alemãs.
Em outubro, a Volkswagen anunciou o fechamento de ao menos três fábricas na Alemanha. Outra fabricante de carros de alto padrão, a Porsche, informou em fevereiro deste ano que demitirá 1.900 funcionários em duas fábricas em solo alemão até 2029.
A multinacional alemã de produtos eletrônicos Bosch anunciou em novembro de 2024 que planeja cortar 5.500 empregos, atribuindo a decisão à crise na indústria automobilística. Mais de dois terços desse empregos, em torno de 3.800, estão na Alemanha.
No mesmo mês, a divisão europeia de siderurgia do conglomerado industrial alemão Thyssenkrupp informou que também pretende desligar 11 mil funcionários nos próximos seis anos, reduzindo sua força de trabalho no setor de aço de 27 mil para 16 mil funcionários.
A divisão Thyssenkrupp Steel Europe (TKSE), sediada em Duisburg, no oeste da Alemanha, justificou a decisão citando dificuldades causadas pelo aumento das importações baratas de aço, especialmente da Ásia, que geraram uma “pressão significativa sobre a competitividade”.
rc/av (DPA, AFP)