Quantas vezes você já ajudou um parente mais velho a usar um app de banco ou pagar uma conta pelo celular? Muitas vezes, uma tarefa que parece simples para algumas pessoas, pode se transformar em um desafio frustrante para quem não cresceu cercado por telas. A inteligência artificial e os meios de pagamento digitais avançam em velocidade recorde e para a população idosa, toda essa inovação muitas vezes traz mais barreiras do que facilidades. Isso levanta um alerta sobre o etarismo digital e a exclusão de pessoas mais velhas por tecnologias que não consideram suas necessidades.

De acordo com o relatório “2025 Tech Trends and the 50+” da AARP, 59% dos americanos com mais de 50 anos afirmam que a tecnologia atual não foi feita para eles. A percepção é reforçada por outro dado da AgeTech Collaborative, também de 2025, que mostra que quase dois terços dos adultos mais velhos sentem que o design dos aplicativos financeiros é confuso ou intimidante.

Mas além da dificuldade de uso, cresce também o aumento da exposição a fraudes. Golpistas têm se aproveitado do uso de IA generativa para produzir mensagens mais críveis e personalizadas, mirando especialmente idosos. Segundo dados do U.S. Federal Trade Commission, pessoas acima de 60 anos representam a faixa etária que mais perde dinheiro em golpes digitais. 

Essa realidade exige uma atuação mais consciente do mercado de tecnologia e pagamentos. “À medida que a inteligência artificial se torna parte do cotidiano financeiro, o desafio está em desenvolver experiências que sejam intuitivas não só para os nativos digitais, mas também para quem teve um contato tardio com a tecnologia”, analisa Anderson Santana, Diretor Comercial, Marketing e Produtos da Entrepay,

Iniciativas que aliam inovação e usabilidade para todas as faixas etárias precisam ganhar protagonismo. Do contrário, a digitalização corre o risco de aprofundar desigualdades e reforçar preconceitos etários. “A discussão sobre etarismo digital não é sobre frear a inovação, mas sobre garantir que ela avance com responsabilidade. Refletir sobre isso é essencial para que o progresso tecnológico seja, de fato, inclusivo”, finaliza Santana.