29/04/2009 - 7:00
Arquitetura harmônica: os hotéis da rede, como os de Atacama, Patagônia e Ilha de Páscoa (acima da esq. para a dir.), são construídos com materiais locais
Atacama: os hóspedes podem apreciar as paisagens exóticas do deserto com todo o conforto
A fórmula da rede de hotéis Explora para se destacar no mercado do turismo é relativamente simples: oferecer conforto de um cinco-estrelas nos lugares mais inóspitos. Foi assim no deserto mais árido do planeta, o do Atacama, onde a primeira unidade surgiu em 1998. De lá seguiu para a gelada Patagônia chilena e mais recentemente chegou à Ilha de Páscoa, o lugar habitado mais isolado do mundo, a 3,7 mil quilômetros do Chile. Com essa receita de proporcionar aventura e charme no mesmo pacote, a rede alcançou um faturamento anual de US$ 30 milhões e pretende aumentar essa cifra com a abertura de novas unidades. Até 2015 o Explora vai abrir três novos hotéis em locais como Machu Picchu, no Peru, e outros dois na Argentina, um na Patagônia e outro na Cordilheira dos Andes. ?Nossos hóspedes provam de algo novo e real, um luxo de experiências simples?, diz o chileno Jesus Parrilla, diretor do grupo Explora. Experiências, saliente-se, que fisgaram o público brasileiro. Afinal, o número de visitantes do Brasil cresceu 30% e já representa 13% do total de clientes ? mais do que os próprios chilenos, que somam 4%.
Patagônia
Novo em folha: o Explora da Ilha de Páscoa foi erguido em dezembro de 2007
O que chama a atenção nos produtos Explora é que a empresa vende pacotes com hospedagem, passeio e refeições com bebida inclusa. A estadia mínima é de três noites e custa, em média, US$ 2 mil por pessoa. Todos os dias um guia especializado pergunta aos hóspedes quais passeios eles gostariam de fazer entre as cerca de 40 opções. Chamados de explorações, esses passeios incluem cavalgadas, caminhadas, pedaladas de bicicleta e a possibilidade de ver fenômenos naturais como gêiseres, salares, lagoas salgadas e até vulcões. ?O segredo do Explora é se preocupar com cada detalhe. Eisto já começa desde a preparação da viagem. Eu tento conhecer os hóspedes que irão para algum dos hotéis e informo à equipe suas vontades e necessidades especiais?, aponta Maria Alice Cavalcanti, representante da cadeia hoteleira no Brasil. Além disso, o Explora mantém três funcionários por hóspede, enquanto a média do setor é de um.
O grupo aposta agora em um tipo de passeio chamado travessia. Trata-se de uma jornada para até seis pessoas, que viajam pelos países andinos acompanhadas de uma equipe formada por guias especializados, motorista e cozinheiro, com duração de até dez noites. O roteiro mais recente parte de Potosí, na Bolívia, a cidade mais alta do mundo com mais de quatro mil metros de altitude, descendo até o Explora de Atacama. Os pernoites acontecem em locais preparados antecipadamente, como trailers, casas de pedra e tendas. As unidades do Explora são pensadas de modo a respeitar as características dos lugares onde estão instaladas. Os hotéis são construídos com materiais locais e, após terminados, a equipe do Explora treina e contrata mão de obra nativa. No caso da Ilha de Páscoa, por exemplo, todos os guias são rapa nuis, a etnia da região. ?O Explora acerta ao oferecer uma boa infra-estrutura e um bom programa de atividades que permite conhecer locais inóspitos sem risco envolvido. É um conceito que poderia facilmente se encaixar em várias partes do mundo?, diz Ricardo Mader, vice-presidente da consultoria de investimentos Jones Lang LaSalle.