Um único avestruz adulto rende 30 quilos de carne, 1,2 quilo de plumas e uma jaqueta de couro. A carne é vendida aos supermercados mais requintados a R$ 1,8 mil. As plumas, cobiçadíssimas pelos carnavalescos e pelos fabricantes de espanador, valem R$ 200. E a jaqueta, R$ 3,5 mil. Total: R$ 5,5 mil. Isso mesmo. Aquele animal grandalhão e pescoçudo é uma pequena mina de ouro. Sobretudo no que se refere ao couro, o segundo mais valioso do mercado (ainda perde para o de crocodilo). O empresário paulista Maurício Lupifieri já sabia disso quando fundou a Aravestruz e começou a criar o bicho seis anos atrás. Mas só agora ele conseguiu amarrar os negócios de modo a faturar em todas as etapas, do ovo à pele. Na próxima terça-feira 4, Lupifieri inaugura uma loja de artigos de couro de avestruz no Morumbi Shopping, em São Paulo. Ele investiu R$ 600 mil e vai vender carteiras (R$ 230), botas (R$ 950), bolsas (R$ 1 mil), jaquetas (R$ 3,5 mil), cintos (R$ 270), maletas (R$ 4 mil), sapatos (R$ 750). Lupifieri espera incrementar o seu faturamento (R$ 4,5 milhões ao ano) em 80%. As coisas mudaram para Lupifieri quando ele gastou R$ 1 milhão e abriu, dois meses atrás, o primeiro frigorífico do País especializado no abate de avestruzes. Antes, num frigorífico bovino adaptado, a Aravestruz abatia apenas sete animais por mês. A carne era vendida a dois restaurantes e rendia minguados R$ 12 mil. Hoje, com clientes do porte de um Pão de Açúcar (onde 1 quilo de carne de avestruz custa R$ 80), as receitas saltaram para R$ 144 mil mensais.

Lupifieri também ganha dinheiro comercializando avestruzes vivos. Como agora tem uma nova maneira de escoar a produção (os artigos de couro), ele garante a recompra dos filhotes que vende. Ou seja, depois de nove meses, tempo de engorda até o abate, um animal adquirido por R$ 1,5 mil volta para a Aravestruz por R$ 9 mil. Descontados os custos da manutenção do animal, o lucro para o investidor é de 40%. Nada mal para um bicho que, se bobear, come até pedra.