14/11/2023 - 18:18
O ex-vice-gerente-geral do Banco Internacional de Compensações Internacionais (BIS) Luiz Awazu afirmou que os esforços de mitigação de emissões de gases causadores do efeito estufa podem não ter efeitos rápidos o suficiente para frear as mudanças climáticas. De acordo com ele, a transição energética envolve uma desigualdade entre países que precisa ser pensada.
“Estratégias de adaptação vão ter que ser necessárias porque os esforços de mitigação talvez não aconteçam no tempo devido”, disse ele durante o G-Risc, congresso de gerenciamento de riscos, promovido pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em São Paulo.
Segundo Awazu, os dados históricos mostram que países desenvolvidos emitiram um volume de gases causadores da mudança do clima que “rouba” o espaço que países em desenvolvimento teriam para industrializar suas economias. “Os países emergentes podem argumentar que espaço de emissões já foi consumido por desenvolvidos”, disse ele.
Além dessa “desigualdade social” entre diferentes países, Awazu considerou que existe uma diferença dentro das próprias nações, uma vez que diferentes camadas sociais consomem e emitem gases em proporções diferentes.
O ex-BIS afirmou que para países emergentes com pouco espaço fiscal o financiamento à transição pode acontecer através de mecanismos de fomento multilaterais, por exemplo. Para países pobres e também sem acesso a recursos, esses investimentos teriam de ser feitos a partir de doações, de acordo com ele. Ou seja: é preciso que a comunidade internacional direcione recursos a esses países.
Pelo lado positivo, segundo ele, o mercado de títulos de dívida verdes tem crescido. “O mercado de bônus verdes está hoje em US$ 1 trilhão acumulados”, afirmou Awazu. O Brasil é um exemplo: ontem, o governo captou no exterior US$ 2 bilhões através de títulos sustentáveis, com demanda três vezes superior à oferta.