28/05/2025 - 13:36
A Azul, que entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos – o chamado Chapter 11 – deverá implementar uma redução de 35% na contagem de aeronaves na sua frota futura. A informação consta de um documento enviado a investidores que foi protocolado nesta quarta-feira, 28, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A empresa frisou que as operações e vendas de bilhetes seguem inalteradas, tal como o programa de fidelidade.
Além da redução na frota de aviões da Azul, a companhia planeja eliminar US$ 2 bilhões em dívidas e obter US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP, com US$ 670 mi reforçando o caixa.
Junto com isso, a companhia espera uma redução de Capex, já que por conta do corte na frota haverá uma diminuição dos custos de manutenção e um menor crescimento de Assentos-Quilômetro Oferecidos (ASK, na sigla em inglês).
A empresa também espera uma redução da exposição cambial, com desalavancagem financeira.
No mesmo documento, a companhia revisa para baixo sua previsão de receita para os próximos anos. O guidance para 2026 saiu de R$ 24,6 bilhões para R$ 23,1 bilhões. Já em 2027, passou de R$ 27,9 bilhões para R$ 24,9 bilhões.
Em 2025, a projeção de receita da companhia aérea foi mantida em R$ 22 bilhões.
Menos aviões, menos custos para a Azul
Com as medidas após o pedido de recuperação judicial, a empresa espera ver uma queda de US$ 744 milhões com custos atrelados ao arrendamento de aeronaves entre 2025 e 2029.
João Daronco, analista da Suno Research, avalia que o pedido de Chapter 11 ‘não é um movimento isolado’, já que a empresa vinha tomando dívida ao longo dos últimos anos por conta de uma não geração de caixa operacional.
“A companhia vinha de diluições após diluições do seu acionista por meio de ofertas primárias de ações para captação de recurso. Esse pedido basicamente finaliza esse processo, ou seja, ele é uma última sinalização de que realmente a situação da companhia está em um momento bastante desafiador e que por forças próprias a companhia não teria capacidade de honrar seus pagamentos”, afirma.
O especialista destaca que no curto prazo deve ser possível ver alguma recuperação nos números, todavia diz que ‘se mantém bastante cético’ acerca da empresa, principalmente por se tratar de um setor setor complexo. A Azul, até então, era a única empresa aérea da história do Brasil que nunca tinha pedido recuperação judicial.
À Reuters, o CEO da empresa, John Rogerson, declarou que a companhia não planeja ficar tanto tempo sob o Chapter 11, deixando o status antes mesmo do ano virar.
“Acreditamos que podemos entrar e sair antes do final do ano”, disse Rodgerson sobre o processo.
“A saída às vezes é a parte mais difícil deste processo. Então, já estamos entrando com a saída em mente e com o financiamento garantido”, completou o executivo da Azul.