05/12/2024 - 16:37
Após negociar com credores e reestruturar suas dívidas, o CEO da Azul, John Rodgerson, revela que a companhia ‘limpou seu balanço’ e deve entrar no ano de 2025 com mais aeronaves na frota e menos bilhões dentro do balanço contábil.
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O Investor Day da Azul ocorreu nesta semana, na terça-feira, 3, e o executivo revela que os diálogos com investidores animaram.
“Acabei de voltar de Nova York, nós reestruturamos nossas dividas, estamos prontos para decolar, temos 25 aeronaves para receber nos próximos 18 meses. Tiramos R$ 6 bilhões de dívidas do nosso balanço, estamos muito mais leves agora, para podermos voar muito mais alto”, disse o CEO da Azul em entrevista à IstoÉ Dinheiro.
Ainda no fim de outubro a companhia concluiu a renegociação com credores, passo que foi visto como relevante para a reestruturação financeira da companhia aérea.
O acordo da Azul prevê a contração de nova dívida de US$ 500 milhões (cerca de R$ 3 bilhões no câmbio atual), e os atuais credores fornecerão US$ 150 milhões com vencimento em 90 dias, e mais US$ 250 milhões após esse prazo, caso a empresa consiga atender a algumas condições.
Com isso, a redução de passivo pode chegar a mais de R$ 4,4 bilhões.
O acordo negociado contempla 98% de obrigações com arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos originais.
Azul mostra foco na desalavancagem
O Investor Day da empresa focou principalmente nas vantagens competitivas da empresa e no plano de reestruturação da dívida, segundo analistas.
Segundo especialistas da XP, a empresa continua vendo fundamentos fortes e inalterados para seu core business, apesar do cenário macro desafiador do Brasil, e foram fornecidas mais informações sobre o cronograma de sua conversão em ações de US$ 0,8 bilhão anunciada anteriormente.
“Após negociar a conversão de seu instrumento de equity de R$2,4 bilhões (VPL) em até 100 milhões de ações (limitando a diluição do patrimônio líquido a cerca de 20%), a Azul levantou U$500 milhões em nova dívida como condição precedente para o acordo com os locadores. Além disso, a Azul indicou uma potencial conversão em ações adicional de US$ 0,8 bilhão, para a qual foi fornecida mais clareza durante o dia do investidor”, dizem os analistas da XP.
Sobre o cronograma para a conversão de seus títulos 2029/2030 existentes (US$0,8 bilhão) em ações, a empresa esclareceu que funcionará da seguinte forma:
- 10% a serem convertidos em ações até o fim de 2024, juntamente com a emissão de sua segunda tranche de nova dívida de US$250 milhões
- 52,5% a se tornarem também até o fim de 2024 uma nota conversível superprioritária de 2029 (adiando o potencial de diluição)
- 25% juntamente com a terceira tranche de nova dívida de US$100 milhões, com prazo ainda indefinido)
- 12,5% ao final do processo, a ser acionado por um follow on (novo aumento de capital) de US$0,2 bilhão (que se soma ao potencial de diluição de cercar de 70% do cronograma de equitização da dívida)
Especialistas da Genial Investimentos, da mesma forma, destacaram que a aérea segue com ‘foco na desalavancagem’.
“Embora o processo envolvesse uma diluição inevitável para as ações da companhia, os ajustes realizados representaram uma evolução em relação ao cenário anterior. Inicialmente, o passivo de leasing, estimado em U$ 570 milhões, havia sido renegociado durante a pandemia com um plano de conversão de ações ao preço de R$ 36,00. Posteriormente, com a queda nas expectativas em relação ao valor do papel, o preço de conversão foi revisado para R$ 30, o que implicou uma diluição de aproximadamente 22%”, relembra a casa.
“No entanto, o cenário se tornou ainda mais desafiador quando as ações da Azul despencaram para cerca de R$ 5,76, ampliando significativamente o impacto da diluição sobre os acionistas. Diante desse contexto, a companhia conseguiu chegar a um novo acordo, fixando um contrato para a emissão de 100 milhões de ações ao preço de R$ 30”, completa.
Segundo a Genial, essa renegociação, apesar de ainda implicar em diluição, reduziu o impacto esperado de 60% para novamente 22%, ‘demonstrando um esforço da companhia em minimizar os efeitos negativos’.
“Após a renegociação, a Azul obteve uma redução significativa em sua dívida bruta, que passou de R$ 30,30 milhões para R$ 24,93 milhões. Essa melhora permitiu à companhia alcançar um grau de alavancagem pro-forma de 3,4x (dívida líquida/LTM EBITDA)”.