30/05/2025 - 14:17
Segundo o vice-presidente Institucional e Corporativo da Azul, Fabio Campos, a empresa deve deixar a recuperação judicial no início do ano de 2026, em um ‘prazo diferenciado’ por conta do apoio que tem junto aos seus pares.
O executivo da Azul diz que a recuperação judicial é ‘diferenciada dos demais processos’ de outras companhias aéreas porque a empresa ‘tem apoio dos principais stakeholders’, citando que além dos acionistas, credores e outros pares estão de acordo com os planos da empresa.
“Nossa expectativa, como mostramos ontem na audiência, é concluir a parte judicial e sair do processo completo no começo de 2026, por conta do apoio dos stakeholders, todos os parceiros, sejam parceiros comerciais, sócios, arrendadores. Eles entendem que o modelo de negócio da Azul merece apoio”, disse Campos em entrevista coletiva com jornalistas.
No início desta semana, o CEO da companhia aérea, John Rodgerson, já havia comentado sobre uma saída rápida do processo. Em uma entrevista à Reuters, Rodgerson acreditar “que a empresa pode entrar e sair antes do final do ano” do Chapter 11.
“A saída às vezes é a parte mais difícil deste processo. Então, já estamos entrando com a saída em mente e com o financiamento garantido”, disse o executivo à agência de notícias.
A companhia aérea teve sua primeira audiência referente ao seu processo de recuperação judicial – Chapter 11, nos EUA – ainda na quinta, 29. Segundo Fabio Campos, o juiz que vai lidar com o caso ‘não apresentou nenhuma objeção aos pedidos da Azul‘.
Dentre os pedidos, estava a autorização para renegociar e cancelar contratações futuras de aeronaves.
Campos disse que a escolha em entrar em Chapter 11 nos EUA em detrimento de pedir recuperação judicial em solo brasileiro “não foi por proteção”, mas porque a empresa visa “formalização dos acordos amigáveis com credores”, seu principal arrendador de aeronaves, além da United Airlines e American Airlines – ambas acionistas minoritárias.
Corte na frota foca em aviões parados e contratações futuras
Sobre o corte de 35% na frota futura da empresa, Campos declarou que a companhia deve focar em aeronaves que já “não estavam operando há algum tempo” e contratações futuras, que chegariam em 2027 e 2028.
O executivo disse que o corte “não é uma redução da frota atual” e que o processo “não gera impacto aos clientes”.
Questionado sobre o percentual de cada classe – entre aeronaves paradas e contratações – e se os 35% são totalmente de aviões nessas duas situações, o executivo declarou que no momento não há um dado exato, mas a companhia deve divulgar esse número em breve. O espaço segue aberto.
Fusão com a Gol ficou em segundo plano
Acerca da eventual fusão com a Gol, a visão da companhia é de que o assunto saiu por completo da lista de prioridades – embora ainda exista um memorando de entendimento entre ambas as empresas.
Campos frisou por diversas vezes durante a coletiva que “o foco está 100%” no processo de recuperação judicial da Azul, apesar da existência do memorando.
US$ 250 milhões de injeção no caixa da Azul
A segunda audiência do procedimento de Chapter 11 foi marcada para o dia 9 de julho, mas no momento a companhia já garantiu uma parte da cifra de financiamento.
Atualmente US$ 250 milhões já reforçam o caixa da empresa, no âmbito dos US$ 1,6 bilhão anunciados como empréstimo via DIP – sigla para Debtor-in-Possession, um modelo de financiamento especial para empresas em recuperação judicial ou falência, mas que continuam operando sob controle de seus administradores.
Campos relata que os US$ 1,6 bilhão serão “faseados” e que em um segundo momento a Azul deverá ter acesso a uma fatia maior de capital desse montante total.