12/05/2022 - 17:19
Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) – A B3 lança na próxima segunda-feira o primeiro índice de ações composto especificamente por empresas ligadas ao agronegócio, em um momento que o setor ganha relevância no mercado de capitais brasileiro, diante da alta dos preços de commodities e após uma safra de IPOs do segmento nos últimos anos.
A operadora da bolsa brasileira estreará o Índice Agro Free Float Setorial, ou IAGRO B3, formado inicialmente por 32 papéis, sendo o de maior peso a JBS, representando 7,4% da carteira.
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O índice engloba quatro subsetores do agronegócio, que possuem pesos diferentes, disse Luís Kondic, diretor executivo de produtos listados e dados da B3 à Reuters: primário, insumos, agroindústria e agrosserviços.
“O índice é abrangente, incluindo setores direta e indiretamente ligados ao agronegócio, mas damos peso maior aos mais diretamente ligados ao agro”, disse Kondic, acrescentando que a divisão primários tem peso quatro; insumo, três; agroindústria, dois; e agrosserviços, um.
No setor primário, entram empresas de agricultura e pecuária, por exemplo. Em insumos, estão as companhias de fertilizantes, defensivos e máquinas e equipamentos agropecuários. Já a agroindústria inclui artigos de couro, fabricação de bebidas e até têxtil e acessórios de base natural. Por fim, serviços abarca transporte, logística e armazenamento ao setor e comercialização de veículos agrícolas.
O índice também incluiu as varejistas GPA e Carrefour Brasil, além da empresa de vestuário Arezzo e da companhia de produtos para construção civil Dexco <DXCO3.SA>.
Kondic afirmou que o índice deve “refletir o desempenho médio de empresas que são parte do agronegócio”. A composição do índice ainda leva em conta outras características, como o valor de mercado das ações em circulação e certas regras eliminatórias, como preço médio obrigatoriamente acima de 1 real o papel e cumprimento de exigências de liquidez.
Nessa primeira composição, o subsetor primário domina e não há representantes do segmento de insumos. O índice será atualizado em setembro, como o restante das carteiras da B3.
Kondic disse que a ideia para o IAGRO B3 surgiu de conversas com gestores relacionados ao agronegócio e que desejam lançar produtos financeiros do setor. A B3 espera que índice viabilize ETFs (Exchange Traded Funds) e fundos referenciados.
O executivo afirmou que já há negociações com gestoras para lançar ETFs ligados ao novo índice, sem dar mais detalhes. Os ETFs são fundos negociados em bolsa e que acompanham um índice de referência.
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Kondic disse que a B3 já vem buscando aprimorar a oferta relacionada ao agronegócio, mas admite que “a conjuntura facilita bastante esse foco no agro”.
Os efeitos da guerra na Ucrânia impulsionaram um movimento já em curso de alta nos preços de commodities ao redor do globo, incluindo as matérias-primas da agricultura, o que colocou as empresas do setor em foco.
Durante o recente boom de entradas de novas empresas na bolsa brasileira, movimento interrompido neste ano devido aos cenários macroeconômico e de mercado, diversas companhias relacionadas ao agronegócio fizeram aberturas de capital na B3. Participaram do movimento desde a plataforma de varejo de insumos e serviços AgroGalaxy até a gigante do setor de açúcar e etanol Raízen, que faz parte do novo índice.
“Poder participar de um índice facilita e é mais um incentivo para fazer abertura de capital”, disse Kondic, ao ser questionado sobre o assunto.
Além disso, na última atualização da carteira do Ibovespa, que passou a valer em maio, a única adição ao principal índice da bolsa brasileira foi a ação da produtora de grãos e oleaginosas SLC Agrícola, outro papel presente no IAGRO B3.
A B3 já oferece outros produtos que podem ser usados por agentes de mercado do agronegócio, incluindo contratos futuros e operações de hedge para seguro de preços de milho, boi, café e o futuro de soja.
Kondic afirmou que há planos para o lançamento de novas ofertas, incluindo alguns produtos complementares ao índice que estreia segunda-feira, sem dar mais detalhes sobre quais ou quando serão lançados.
Setores como financeiro, de consumo e de commodities já possuem índices próprios.
COMPOSIÇÃO IAGRO B3 – PESO NO ÍNDICE – SUBSETOR:
– JBS ON – 7,439% (Primário)
– SUZANO ON – 7,439% (Primário)
– AMBEV ON – 6,220% (Agroindústria)
– COSAN ON – 6,220% (Agroindústria)
– KLABIN UNIT – 6,101% (Primário)
– BRF ON – 5,614% (Primário)
– RUMO ON – 4,933% (Agrosserviços)
– SÃO MARTINHO ON – 3,879% (Primário)
– MARFRIG ON – 3,857% (Primário)
– SLC AGRÍCOLA ON – 3,494% (Primário)
– DEXCO ON – 3,266% (Primário)
– ASSAÍ ON – 3,246% (Agrosserviços)
– MINERVA ON – 3,182% (Primário)
– RAÍZEN PN – 3,087% (Agroindústria)
– BRASILAGRO ON – 2,821% (Primário)
– TRÊS TENTOS ON – 2,660% (Primário)
– JALLES MACHADO ON – 2,644% (Primário)
– CAMIL ON – 2,644% (Primário)
– IRANI ON – 2,587% (Primário)
– BOA SAFRA ON – 2,571% (Primário)
– CARREFOUR BRASIL ON – 2,446% (Agrosserviços)
– AREZZO ON – 2,384% (Agroindústria)
– M. DIAS BRANCO ON – 1,647% (Agroindústria)
– VAMOS ON – 1,400% (Agrosserviços)
– GPA ON – 1,303% (Agrosserviços)
– ARMAC ON – 1,157% (Agrosserviços)
– HIDROVIAS DO BRASIL ON – 1,136% (Agrosserviços)
– GRUPO MATEUS ON – 1,086% (Agrosserviços)
– RANDON PN – 1,021% (Agrosserviços)
– KEPLER WEBER ON – 0,981% (Agrosserviços)
– TUPY ON – 0,910% (Agrosserviços)
– RECRUSUL ON – 0,626% (Agrosserviços)