(Reuters) – A chefe de direitos humanos da Organização das Nações Unidas, Michelle Bachelet, afirmou nesta segunda-feira estar alarmada com ameaças contra defensores de direitos humanos ambientais e povos indígenas no Brasil, em um apelo para que as autoridades assegurem respeito aos direitos fundamentais.

“No Brasil, estou alarmada com ameaças contra defensores de direitos humanos ambientais e povos indígenas, incluindo a exposição à contaminação por mineração ilegal de ouro. Casos recentes de violência policial e racismo estrutural são preocupantes, assim como ataques contra parlamentares e candidatos, principalmente afrodescendentes, mulheres e pessoas LGBTI+, antes das eleições gerais de outubro”, disse ela em discurso ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra.

“Apelo às autoridades para que assegurem o respeito pelos direitos fundamentais e instituições independentes”, reforçou ela.

As declarações de Bachelet ocorrem em meio à forte pressão internacional que o Brasil vem sofrendo decorrente do desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira há mais de uma semana em uma região com índios isolados no Vale do Javari, na Amazônia.

A chefe de direitos humanos da ONU indicou na mesma sessão que não buscará um segundo mandato, em um anúncio surpreendente.

Bachelet fez uma viagem à China no mês passado, pela qual foi criticada por grupos de direitos humanos e por alguns governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos, que disseram que as condições impostas pelas autoridades chinesas à visita não permitiram uma avaliação completa e independente do ambiente de direitos humanos no país.

“Com meu mandato como alta comissária chegando ao fim, a quinquagésima sessão deste Conselho será a última que eu lidero”, afirmou ela, sem dar um motivo para sua decisão.

(Por Ricardo Brito, em Brasília)

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