Estudo realizado na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, aponta que algumas bactérias presentes nos intestinos ativam nervos que despertam a vontade de se exercitar. Segundo a pesquisa, divulgada na Nature na quarta-feira (14), experimentos com ratos mostraram que existe um caminho entre os intestinos e o cérebro que explica por que algumas bactérias estimulam o exercício físico.

Os pesquisadores, liderados por Christoph Thaiss, perceberam diferenças significativas nas performances dos roedores de acordo com a presença de metabólitos em seus organismos, pequenas moléculas produzidas por bactérias que estimulam os nervos sensoriais do intestino e aumentam a performance durante os exercícios.

“Se confirmarmos que existe uma relação semelhante em humanos, essa pode ser uma forma eficaz de aumentar a prática de exercícios pelas pessoas e melhorar a saúde pública de forma geral”, afirma Thaiss, professor de Microbiologia na Universidade da Pensilvânia.

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O grupo liderado por ele começou o estudo para procurar fatores que influenciam nos exercícios físicos, realizando sequenciamento de genomas, espécies de bactérias, metabólitos na corrente sanguínea e outros dados relevantes em roedores que poderiam afetar sua performance física. Depois, eles mediram o quanto de exercício foi realizado em rodas pelos animais de forma voluntária, assim como a resistência deles.

Para analisar os dados, eles usaram técnicas de “machine learning”, buscando quais atributos dos ratos poderiam explicar a diferença observada nos exercícios. Curiosamente, os fatores genéticos foram responsáveis por apenas por uma pequena parte da diferença de performance, enquanto as bactérias intestinais se mostraram muito mais importantes: quando os ratos receberam antibióticos para se livrarem das bactérias, a performance deles caiu quase pela metade.

Segundo o estudo, as principais bactérias relacionadas à melhor performance física em roedores são a Eubacterium rectale e a Coprococcus eutactus, que produzem metabólitos conhecidos como amidas de ácidos graxos, capazes de estimular receptores nervosos nos intestinos conectados ao cérebro pela coluna vertebral.

A estimulação desses receptores causou um aumento na liberação do neurotransmissor dopamina durante os exercícios, o que proporciona uma sensação de gratificação e recompensa pelo organismo e reforça o desejo de continuar com o exercício.

Os pesquisadores querem, agora, confirmar a existência do mesmo mecanismo em humanos e explorar formas de incentivar a prática de exercícios, além de buscar novos métodos para alterar o humor em pessoas com depressão ou com algum vício, por exemplo.