Nas esteiras de retirada de bagagens dos principais aeroportos do mundo, os passageiros de primeira classe têm prioridade. Suas malas são as primeiras a serem desembarcadas e protagonizam verdadeiros desfiles de tendências e grifes do universo das viagens de luxo. Nessa passarela informal, dificilmente faltará uma Black Label. Se você não a reconhecer, não se preocupe ? é questão de tempo. Criada há apenas dois anos, a linha premium funcionou como um passaporte para a tradicional fabricante americana Samsonite para os mercados mais sofisticados. O sucesso foi tão retumbante que, nesse curto período, a marca ganhou nada menos que 45 lojas exclusivas, localizadas nos principais centros de consumo ? Londres, Nova York, Milão… Atenção senhores passageiros: em setembro, os produtos da grife Black Label (malas, bolsas de viagem, etc.) ganham seu primeiro ponto-de-vendas exclusivo no Brasil, no Shopping Iguatemi, ícone do mercado VIP em São Paulo. A partir de então, será difícil não identificar uma Black Label. Dona de 36% do mercado mundial de malas e de um faturamento global de US$ 1 bilhão, a Samsonite sempre apostou em modelos clássicos e foi reconhecida pela qualidade e durabilidade de seus produtos. A nova linha, voltada para públicos mais abastados, tem, no entanto, um conceito totalmente diferente. ?Nossa companhia veio redefinir um novo conceito de malas de viagem?, declara Marcelo Bottoli, CEO mundial da Samsonite. A proposta, desde o início, tem sido a de investir em designs arrojados e exclusivos, assinados por profissionais consagrados, como o estilista Alexander McQuenn e o inglês Quentin MacKay. ?A Black Label alavancou toda a marca Samsonite no mundo?, comemora Francisco Cortez, diretor-geral para o Brasil. Para impulsionar as vendas da linha no País, a empresa realizou investimentos de R$ 2 milhões, com a certeza do retorno garantido. ?O mercado brasileiro está entre os quatro países com maior potencial para a empresa?, explica o executivo. O primeiro endereço destinado apenas à marca ficará dentro da loja Arvi, que já trabalha com alguns produtos da linha há um ano. A diferença é que, com a nova arquitetura do local, a Black Label ganha um espaço de 32 metros quadrados totalmente dedicado aos seus produtos. A idéia é que o cliente se sinta entrando em uma loja como a de Bruxelas, na Bélgica, por exemplo. No local, junto com as quatro linhas de produtos da marca que irão custar em torno de R$ 3 mil, serão comercializados sapatos, carteiras, agendas de couro, etc. Fora de São Paulo, os artigos Black Label podem ser encontrados na loja de artigos de luxo Espaço Lundgren, em Ipanema, Rio de Janeiro. ?Estamos estudando outros pontos-devenda em Belo Horizonte e Brasília?, adianta Cortez.

Trata-se apenas do desembarque de uma linha que já de início parece ter conseguido agradar ao seu público. Na Arvi, em São Paulo, para levar alguns de seus artigos mais cobiçados, o cliente tem de aguardar em uma fila de espera de no mínimo 30 dias. Isso é reflexo de uma campanha mundial desenvolvida para transformar a Black Label num objeto de aspiração entre os consumidores. A empresa investe U$ 40 milhões ao ano em peças publicitárias que trazem como atração, além do produto em si, personalidades como a atriz Christina Ricci e a modelo Isabella Rossellini. ?Essas ações valorizam a marca como um objeto de desejo?, analisa Fernando Sganga, diretor de estratégia do GAD?Branding Design, empresa especializada em consultoria de marca. Em outra frente, para aumentar o seu leque de produtos, a Samsonite foi às compras. Adquiriu o direito de imagem da Lacoste no segmento de acessórios e da marca Timberland no segmento de mochilas, malas e sacolas. Não muito distante, a empresa comprou a marca americana Lambertson Truex, uma loja de bolsas voltadas ao público feminino, famosa por suas peças em couro legítimo que não saem por menos de US$ 5 mil. Um aviso: esses produtos em breve estarão no Brasil. O crescimento acelerado chamou a atenção de investidores. Como resultado, em julho passado o grupo europeu CVC Capital Partners Group comprou a empresa por U$ 1,7 bilhão. Nada mal para uma marca que gosta de investir na sua bagagem.