18/10/2025 - 13:00
O histórico Bahamas Hotel Club, que se divulga como ‘o templo da felicidade e do prazer’ em São Paulo, e declaradamente ‘hedonista’, dá mais um passo em seu processo de reestruturação dos negócios e da marca com o lançamento de serviço de delivery. De lanches.
O Bahamas Burger Club foi uma estratégia para otimizar o funcionamento da cozinha e diversificar os negócios com pouco investimento.
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Com opções batizadas de ‘A Carne é Fraca’, ‘Noite Picante’, ‘Pecado Original’ ou ‘Ménage à Trois’, por exemplo, Aratã Maroni diz que a proposta é, sim, chamar a atenção, primeiro, pela curiosidade. “O sexo, o mundo erótico, é muito delicado. Se você põe o pé dentro uma vez, a marca não vai sair de lá nunca mais. Então, não tem como a gente fingir que é um hambúrguer normal”, diz.
Aratã é um dos herdeiros de Oscar Maroni – fundador do tradicional clube de entretenimento adulto da capital paulista e hoje afastado por motivos de saúde – e que, ao lado do irmão, Aruã, tem liderado a recuperação da empresa após um período de crise nos negócios e na marca.

O empresário afirma que a ideia é que a hamburgueria tenha como consumidores não apenas os clientes que frequentam o hotel club, mas mulheres, homens casados e famílias em geral. “Pensamos em levar isso para o lado um pouco mais engraçado, para o lado do humor. Não tem nada de muito erótico no Burger Club, como tem no Bahamas, mas tem referências a isso. É um lanche gourmet de excelente qualidade, e isso foi um cuidado com a marca”.
Questionado se a marca, ao invés de atiçar a curiosidade, pode despertar um sentimento contrário, por conta da natureza dos negócios relacionados a ela, ele responde com foco no empreendedorismo. “Vai ter sempre gente que vai rechaçar a marca. Não importa a marca, seja ela uma igreja ou um puteiro. Mas o segredo do insucesso é querer agradar todo mundo. Criar uma marca nova seria mais difícil e a gente não teria vantagem”, diz. “Vai ter sempre gente que quer rechaçar essa marca, mas estamos preparados para isso. E tem muita gente que vai ser a favor”, acredita.
Como a ideia era aproveitar a estrutura da cozinha recém-reformada que atende ao hotel club, portanto, em operação até as 5 horas da manhã, e sem ter que desembolsar ainda mais dentro do processo de recuperação, os recursos são mais direcionados para branding, divulgação e marketing. “O investimento não foi grande, até porque, já fizemos um investimento bem mais significativo na reforma do local e na recuperação da empresa”.

Outra estratégia para minimizar os desembolsos no projeto foi alocar a operação de entrega nas plataformas, ainda que tenham uma taxa alta. Hoje o Bahamas Club opera no iFood com opções de sanduíches a partir R$ 38.
Ele conta que o movimento de pedidos está dentro do planejado e o retorno do investimento para o delivery deve ser em pouco meses, no máximo até fevereiro do ano que vem.
Planos de restaurante show em São Paulo
O próximo passo é ampliar para atendimento com loja física. A data não está marcada, mas o perfil do negócio já está em mente.
Aratã diz que se inspira em um modelo como o da rede americana Hooters, que, apesar de conhecida pelas garçonetes – e mais recentemente também os garçons – com apelo erótico, são frequentados por público adulto variado. O empresário quer ocupar uma lacuna que ele enxerga na cidade de São Paulo, a falta de “restaurante show”, como diz.
“Pelo nível de turismo que São Paulo tem, você não tem um Hard Rock Café aqui, um lugar para jantar totalmente decorado, com uma temática diferente. Uma referência nossa para de tipo de serviço é o Hooters, que encaixa totalmente com o nosso mercado. Mas seria uma hamburgueria. Mas é um lugar que não é só para homens irem, é para todo mundo, mas que tenha a sensualidade como um pano de fundo e de humor”.
Bahamas: destino fetiche da noite paulistana
O Bahamas Hotel Club, uma das mais icônicas casas de entretenimento adulto de São Paulo, completou 30 anos em 2024 com uma grande festa que conciliou o aniversário e os tempos de retomada.
Seu período de maior glória se deu entre meados dos anos 90 e o início dos anos 2000, quando era frequentado por uma clientela de elite, incluindo empresários e políticos, sempre sob discrição total.
Em 2007, a casa foi interditada pelo então prefeito Gilberto Kassab por operar com atividade divergente da autorizada. Contudo, o Bahamas conseguiu ser reaberto em 2013. Contudo, viu seu movimento ir reduzindo e as dívidas aumentando e sobreviveu ao longo de 10 anos opera bem abaixo dos tempos glamour da casa.
No início do ano passado, os irmãos assumiram a administração do local com a missão de resgatar o passado de sucesso e com novos planos, entre eles, de ser a “Disney” do entretenimento adulto.