Em um espaço arborizado na rua Padre João Manuel, no Jardim América, em São Paulo, o empresário francês Remi Laba almoça com seu grupo de amigos no restaurante Bagatelle, rede fundada por ele e seu sócio, Aymeric Clemente, em Nova York há sete anos. A unidade paulista, terceira a abrir no mundo, lembra bastante a matriz nova-iorquina quanto aos elementos decorativos. Paredes revestidas de tijolos brancos e obras de arte pop penduradas, grandes lustres de cristal, cadeiras de madeira escura, poltronas estofadas de couro marrom e garrafas do champanhe Veuve Clicquot usadas como enfeite agradam aos frequentadores do local, famoso por unir uma gastronomia bem-executada e ambiente de festa.

“A ideia partiu de nossas próprias experiências como bons-vivants”, afirma Laba. “Antes do Bagatelle, precisávamos escolher entre entretenimento ou culinária de qualidade e hoje é possível aproveitar o melhor dos dois mundos.” Durante o dia, o restaurante recebe de executivos a grupos de amigos. O clima começa a esquentar ali depois das 22h, quando um DJ anima o ambiente até por volta da 1h da manhã. Os frequentadores costumam ser, no mínimo, da faixa acima dos 25 anos de idade. “É ideal para quem já está mais velho e busca conforto e qualidade, mas não pretende voltar para casa apenas às 5h da manhã”, diz Laba.

Os pratos são elaborados pelo chef executivo Gustavo Young, com passagem por casas como o extinto Sabuji, também na capital paulista, o premiado El Celler de Can Roca, em Girona, na Espanha, e o japonês Finger’s Garden, em Milão. Entre as opções oferecidas estão o carré de cordeiro em crosta de ervas, vegetais ao forno e molho rôti (R$ 72), o filé-mignon coroado com escalope de foie gras, purê de batata com ervas e jus bordelaise (R$ 96) e os camarões-rosa flambados com cachaça artesanal e ervas, servidos com arroz pilaf ao açafrão (R$ 78).

Além de Nova York e São Paulo, o restaurante tem unidades nas badaladas Saint Barths, Los Angeles e Saint Tropez. Novos endereços serão abertos em breve em Dubai, Mônaco, Aspen e Miami. A expectativa de Laba é de que o faturamento, que deve chegar a US$ 50 milhões neste ano, aumente em 60% em 2015. Segundo Livia Germano, gerente de estratégia da consultoria de marcas GadLippincott, o Bagatelle está se beneficiando da tendência no mercado de entretenimento de misturar diferentes modelos de negócios. “Os consumidores querem e esperam por novidades”, diz a especialista. Livia afirma que antigamente havia um modelo para pub, um para fast-food, um para restaurantes informais, outro para alta gastronomia e, ainda, um último para uma casa noturna.

“Agora tudo se mistura e dá origem a novos modelos combinados.” O Brasil, onde a cadeia de restaurantes será operada através de licenciamento, é uma das grandes apostas para Laba e seu sócio Clemente. “O brasileiro adora festejar e é apaixonado por gastronomia, o que faz daqui um ótimo mercado para nós”, diz Laba. A decisão de se instalar em São Paulo, há dois anos, se deu por causa da conexão entre a capital paulista e Nova York. “Muitos dos nossos consumidores do Bagatelle de lá eram brasileiros.” A estratégia de expansão prevê a abertura de casas em metrópoles como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Salvador.

Angra dos Reis ou Florianópolis deve receber a versão praiana, como a de Saint Tropez. No exterior, por sua vez, haverá filiais em Hong Kong, Cingapura, Londres e Moscou. “É natural que eles procurem metrópoles que já tenham essa aura de sofisticação, boa gastronomia e boemia”, afirma Livia. Ávido por novos formatos, Laba e seu sócio também planejam a abertura de um hotel-butique em Miami, com 62 suítes, um restaurante e uma área de convivência no melhor estilo da marca. “Outra iniciativa é o Maison Bagatelle, que abrimos em Dubai e funciona como franquia”, afirma o empresário sobre o novo restaurante do grupo, voltado para as famílias. “Lá tiramos o elemento festa e inserimos a pâtisserie.”