A balança comercial brasileira foi divulgada hoje (1) pelo Ministério da Economia que trouxe os dados sobre um superávit de US$ 4,322 bilhões para o mês de setembro deste ano.

O superávit acontece quando o país realiza mais exportações do que importações, totalizando um saldo positivo. Quando a situação é contrária, ou seja, se realizam mais importações do que exportações, é chamado de déficit comercial.

Em 2021, as exportações atingiram US$ 24,284 bilhões para o mês de setembro, já as importações chegaram a US$ 19,962 bilhões.

Se comparados os dados com o mês de setembro de 2020, as exportações cresceram 33,3% e as importações tiveram aumento de 51,9%.

Totalizando o valor de janeiro a setembro temos um superávit acumulado de US$ 56,433 bilhões. O valor é recorde da série histórica, iniciada em 1989, para o mesmo período analisado, ou seja, dos nove primeiros meses do ano.

O economista Paulo Gala, mestre e doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, comenta o resultado:

“O resultado é impressionante, a gente caminha, em 2021, para ter o melhor ano da história do Brasil em termos de resultado externo com relação à balança comercial. Com esses dados que temos de superávit, conseguimos olhar o saldo da balança comercial do ano com um valor de US$ 56 bilhões e caminhamos para ter o maior superávit comercial da série histórica no Brasil”

As exportações somaram US$ 213,223 bilhões e as importações chegaram a US$ 156,79 bilhões.

O Ministério da Economia também divulgou a projeção para o final do ano, que prevê atingir um superávit de US$ 70,9 bilhões.

Se confirmado, o valor será 40,7% maior que o resultado positivo observado em 2020, de US$ 50,9 bilhões.

“No ano passado, para se ter uma ideia, o saldo da balança comercial ficou em US$ 50 bilhões. Neste ano, o saldo da balança deve ir para US$ 70 bilhões ou mais, com um número de exportação impressionante de uma ordem de US$ 280 bilhões, um cenário bastante possível. Seria um recorde histórico, claro. Aqui, a palavra é commodities, temos, basicamente, três delas que estão explodindo que são: minérios de ferro, soja e petróleo, que representaram a grosso modo 30% da pauta hoje. Para se ter uma visão esquemática temos 10% da pauta em petróleo, 10% em minério de ferro e 10% com soja. A maior parte disso vai para a China. A China hoje já representa mais de 25% das nossas exportações. O segundo parceiro é os Estados Unidos, com uns 12% a 13% de participação, lembrando que no passado China e Estados Unidos chegaram a ter a mesma participação na pauta brasileira. Aliás, a China, nos anos 90, era irrelevante para o Brasil, não chegava a representar nem 1% da pauta de exportação. Hoje, ela tem mais de 25%. A Argentina tem de 5% a 6%. Esses são os três principais destinos”, analisou o economista.

A projeção divulgada nesta sexta-feira é menor do que a previsão mencionada em julho deste ano, que trazia um superávit de US$ 105,3 bilhões até o final de 2021, segundo o Ministério da Economia.

De acordo com a nova projeção, até o final de 2021 as exportações devem atingir um total de US$ 281 bilhões e as importações, US$ 210,1 bilhões.

Paulo Gala faz uma análise final sobre o cenário:

“As importações começam a dar sinal de vida com a retomada econômica, mas, claro, houve um processo de substituição de importação bastante forte nos últimos meses por conta do encarecimento das importações. Esse cenário inédito traz uma mensagem boa que é a mensagem de que dólares fartos estão vindo para o Brasil, não pela via, obviamente, dos investimentos e de fluxo da conta capital, mas pela via comercial. Afinal, sobra dólar em soja, petróleo e minérios de ferro.”