O presidente da Braskem, Fernando Musa, revelou que os trabalhos de auditores internos estão próximos da conclusão, mas ainda não há prazo definido para a divulgação do balanço auditado referente a 2016. Segundo ele, os números do primeiro trimestre de 2017 também foram divulgados sem revisão da auditoria em função exatamente do atraso na publicação dos de 2016.

Musa explicou que toda a análise envolve controles internos e não há expectativa de mudança dos números já divulgados, tanto os de 2016 como os do primeiro trimestre de 2017.

Ele detalhou que o processo de investigação, no âmbito da Operação Lava Jato, ocorreu sob sigilo e os auditores tiveram acesso somente em 21 de dezembro, quando foi firmado o Acordo Global da companhia com Brasil, Estados Unidos e Suíça. “Para ter acesso, eles assinaram acordo de confidencialidade, o que levou mais algumas semanas. Houve toda uma complexidade e leva tempo para detalhamento e controle”, disse, em teleconferência com a imprensa.

O Acordo Global envolve o pagamento de multas de US$ 957 milhões, equivalentes a R$ 3,1 bilhões, e já foi aprovado pela Justiça dos Estados Unidos e Suíça.

Inclusive, a empresa pagou US$ 94,8 milhões em março para o Department of Justice (DoJ) e em abril US$ 65 milhões para a Securities and Exchange Commission (SEC).

No Brasil, o acordo já foi homologado pelo Ministério Público Federal e aguarda agora a Justiça Federal, da 13ª vara, do juiz Sérgio Moro. “Está em andamento e aguarda a decisão do juiz. É mais uma questão de processo e procedimento interno dentro da corte”, disse Musa, em teleconferência com a imprensa.

20-F

O prazo para entrega do formulário 20-F à Securities and Exchange Comission (SEC, regulador do mercado de capitais dos EUA), com auditoria da PwC, foi encerrado no final do mês de abril e a Braskem já utilizou a extensão automática de 15 dias.

Assim, a companhia teria até o dia 17 de maio para o envio do documento. Como não há data definida para a publicação do balanço auditado no Brasil de 2016, a empresa deve soltar um comunicado no dia 18 de maio com a nova data de entrega do 20-F, revelou Musa.

“Até o dia 17 de maio já tem a extensão do prazo e não há nova extensão. Entra agora num período em que a companhia precisa comunicar quando irá divulgar. No dia 18, devemos fazer o comunicado”, disse.

Odebrecht

O presidente da Braskem voltou a comentar que a Odebrecht não pretende vender sua participação na companhia. Segundo ele, apenas a Petrobras revelou interesse em se desfazer de ativos no setor petroquímico.

“Não existe informação sobre mudança de controle pela Odebrecht. Somente decisão da Petrobras de vender participação, conforme informado pela própria empresa”, disse o executivo.

Ebitda

Musa destacou o resultado operacional ao longo do primeiro trimestre de 2017, com destaque para o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) ajustado, que atingiu R$ 3,598 bilhões, um avanço de 16% ante igual intervalo de 2016. Os números da Braskem não foram revisados pelos auditores.

Segundo ele, o Ebitda foi recorde e Brasil representou 68%. “Começamos o ano muito bem, com desempenho operacional bom, o que demonstra a capacidade da empresa de enfrentar cenários de crise, com aprendizado. Nossa estratégia de presença internacional, com foco nas Américas, veio com resultados consistentes”, disse Musa.

Entre os motivos para a alta do Ebitda, Musa destacou o aumento de 2% no spread internacional de resinas termoplásticas no Brasil e 64% nos spreads de petroquímicos básicos no mercado internacional; o maior volume de vendas em todos os segmentos; e o desempenho do complexo no México, que no mesmo período do ano passado ainda estava em fase de ramp up.