O Banco ABC Brasil possui planos de expansão de suas atividades de crédito e anuncia seguros para o agronegócio na região Centro-Oeste do País, após consolidar sua posição como banco corporativo nas regiões Sul e Sudeste. “Essa é uma nova fronteira que pretendemos expandir além da cadeia do agronegócio, mas também à rede de serviços e comércio ao redor”, afirmou o CEO do Banco ABC Brasil, Sergio Lulia Jacob, em entrevista exclusiva à DINHEIRO. “Nós lançamos agora uma corretora de seguros de vida, garantia e prestamista, e estamos expandindo a família de seguros para o agronegócio, e de seguros de grandes riscos”, disse.

Em 2022, a instituição registrou lucro líquido de R$ 800 milhões, alta de 39,9% em relação a 2021. O retorno sobre o patrimônio líquido aumentou 3,4 pontos percentuais e alcançou 16,1%, patamar próximo do apresentado por grandes bancos privados brasileiros. A seguir, os principais trechos da entrevista.

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Quais são os desafios da sua gestão iniciada em 2021?

Não vejo a minha gestão como um rompimento ao passado, mas sim, como uma continuidade, para um momento de o banco se abrir mais para novas iniciativas, mercados, produtos e canais de distribuição. É um banco que tem um histórico de disciplina muito forte. Era um banco que tinha foco nas grandes empresas principalmente no crédito. Nós expandimos esse horizonte, o banco hoje tem a vocação de servir não só as grandes, mas também empresas de qualquer tamanho. Começamos pelo middle market, mas em servir não só produtos de crédito, mas a parte toda de banco de investimento, assessoria, hedge de derivativos, seguros, comercializadora de energia. Esse é o desafio, transformar um banco que era focado no produto crédito para multiprodutos, que se torna um banco mais relevante para as empresas, que dialoga com uma frequência muito maior. Com isso, para o acionista se oferece um retorno melhor, pois são produtos menos intensivos na utilização de capital. O funding é um dos desafios para bancos corporativos como o nosso no mundo inteiro.

Sobre os resultados do banco, como avalia o aumento de 3,4 pontos percentuais para 16,2% do retorno sobre o patrimônio líquido em 2022?

Foi o primeiro ano em que começamos a capturar de maneira mais clara os resultados da nossa estratégia iniciada em 2019. O primeiro momento foi muito mais de planejamento para atuar no middle market e dar um bom nível de atendimento aos clientes, de maneira escalável e com eficiência de custos. O segundo momento foi de investimento pesado principalmente em tecnologia e na contratação de capital humano. Os resultados começam a aparecer 18 a 24 meses depois. No início é mais custo do que receita, mas em 2022, nós começamos a capturar esses resultados. O lucro líquido cresceu 39,9%, para R$ 800 milhões.

A estratégia no middle market é a responsável por esses resultados?

Nossa aceitação com esse público do middle market foi muito boa. Embora desconhecidos do grande público, nós somos conhecidos no mundo corporativo por atender grandes empresas e concorrer com os principais players nesse segmento de maneira competitiva. Quando se vem para o middle market com essa mesma proposta de valor, dando o mesmo padrão de atendimento às grandes, nós evoluímos de 1,5 mil clientes há três anos para 4,2 mil agora.

Os grandes bancos tiraram o pé da expansão do crédito no final de 2022, e o ABC Brasil cresceu 14,7% no crédito no ano passado. Como está a competividade com os grandes bancos?

No ano passado, os grandes bancos foram mais cautelosos, mas a impressão é que essa cautela foi no segmento de varejo e empresas muito pequenas, as MPEs, onde a inadimplência aumentou mais. Nós atuamos com empresas que faturam a partir de R$ 30 milhões por ano. Nesse segmento, os grandes bancos estão bem atuantes, dominantes e estruturados, mas o ABC Brasil cresce conquistando uma fatia de mercado que era deles em muitas regiões em que não estávamos presentes antes.

Quais são os planos do banco para os próximos anos?

O principal continua sendo nosso avanço no middle market, que atingiu no final de 2022, 10% da nossa carteira, os outros 90% ainda são empresas maiores. O segmento cresce de 2 a 3 pontos percentuais por ano. Nossa expectativa é que continue nessa tendência, agregando clientes e regiões onde não estamos presentes. Nós lançamos agora uma corretora de seguros de vida, garantia e prestamista, e estamos expandindo a família de seguros para o agronegócio, e de seguros de grandes riscos. Além disso, estamos estruturando o banco de investimento, controlado mas com um CNPJ diferente, na atividade de renda fixa e de M&A (fusões e aquisições).

Como está a expansão geográfica da instituição?

Nas regiões Sul e Sudeste já temos uma presença forte, não só nas capitais como nas principais cidades do interior. Estamos presentes em algumas capitais do Nordeste, e no Centro-Oeste ainda uma presença menor no middle market. Essa é uma nova fronteira que pretendemos expandir além da cadeia do agronegócio, mas também a rede de serviços e comércio ao redor.