Alta de 0,75% é uma tentativa de desacelar a maior inflação no país em 40 anos e, ao mesmo tempo, não empurrar a maior economia do mundo para a recessão. O Banco Central Americano (FED) anunciou nesta quarta-feira (27/07) a quarta alta consecutiva da sua taxa básica de juros, em 0,75%, na tentativa de conter a maior inflação dos EUA em 40 anos.

Há dois anos, para enfrentar a pandemia de covid-19, o FED praticamente zerou suas taxas para incentivar o consumo e o investimento. Agora, o objetivo é o oposto: esfriar um pouco a economia para mitigar as pressões inflacionárias.

“A inflação continua elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões de preços mais amplas”, disse o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ao elevar a taxa referencial a um intervalo entre 2,25% e 2,50%, em decisão unânime dos 12 membros com direito a voto. Foi a primeira vez desde 2013 que todos os membros do órgão estiveram reunidos.

O Fomc acrescentou que segue “altamente atento” aos riscos de inflação. Mas, embora a geração de empregos tenha permanecido “robusta”, as autoridades observaram no novo comunicado de política monetária que “os indicadores recentes de gastos e produção abrandaram”, um aceno para o fato de que o ciclo agressivo de aumentos dos juros que têm colocado em prática desde março está começando a pesar.

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Depois de uma alta de 0,75 ponto percentual no mês passado e movimentos menores em maio e março, o Fed elevou a taxa básica em um total de 2,25 ponto neste ano.

A taxa de juros está agora no nível que a maioria das autoridades considera ter um impacto econômico neutro, marcando o fim dos esforços da era da pandemia para incentivar os gastos das famílias e das empresas.

O comunicado deu pouca orientação explícita sobre quais passos o Fed pode tomar em seguida, decisão que dependerá bastante de os próximos números econômicos mostrarem ou não que a inflação começou a desacelerar.

Com os dados mais recentes mostrando que os preços ao consumidor subiram a uma taxa anual de mais de 9%, investidores esperam que o banco central dos EUA eleve a taxa básica de juros em pelo menos 0,50 ponto percentual em sua reunião de setembro.

“Aterrissagem suave”

O presidente do FED, Jerome Powell, e outros funcionários da instituição deixaram claro que estão dispostos a arriscar uma recessão e continuarão a aumentar as taxas de juros até verem evidências de que a inflação está convergindo para a meta de 2% ao ano, uma faixa considerada saudável para o economia.

Economistas dizem que este tem sido o ciclo de aperto mais agressivo do FED desde a década de 1980, quando a estagflação – a estagnação da economia com inflação de preços e salários em alta – prejudicou a economia dos EUA.

O desafio do FED é conter a inflação antes que ela siga por um caminho perigoso. Embora os preços dos imóveis tenham atingido novos recordes, há sinais de que a taxa de aumento começou a moderar.

Os preços mundiais do petróleo também estão em moderação. E o preço da gasolina nas bombas americanas caiu 69 centavos de um recorde de pouco mais de 5 dólares o galão (3,78 litros) em meados de junho.

Enquanto isso, o mercado de trabalho continua forte, a demanda do consumidor não caiu acentuadamente e as pesquisas mostram que as expectativas de inflação para os próximos meses começaram a cair.

Os formuladores de política monetária querem ums “aterrissagem suave” que reduza a inflação sem desencadear uma recessão, mas os economistas alertam que o caminho para alcançá-lo está se estreitando e que seria fácil exagerar se os ajustes das taxas de juros fossem muito agressivos.

O FED busca um equilíbrio delicado na tentativa de conter a inflação e, ao mesmo tempo, não empurrar a maior economia do mundo para a recessão.

Para Powell, a economia americana pode evitar esse cenário recessivo, moderando a inflação e “mantendo um mercado de trabalho sólido”.

Na semana passada, o Banco Central Europeu (BCE) aumento a taxa básica de juros pela primeira vez em 11 anos, elevando o patamar em meio ponto percentual, de -0,5% para 0%. Desde meados de junho de 2014, a taxa estava em patamar negativo.

le (Reuters, EFE)