Em um movimento estratégico para modernizar suas operações e expandir sua presença no mercado financeiro, o Banco da Amazônia está acelerando a oferta de novos produtos e serviços, com destaque para o lançamento nesta quarta-feira, 09/07, de suas “maquininhas” de cartão e o credenciamento para emissão de cartões próprios com as bandeiras Visa e Mastercard. Essas iniciativas fazem parte de um ambicioso programa de transformação digital e de negócios iniciado no ano passado, que tem entre seus objetivos triplicar a carteira de microcrédito a R$ 1 bilhão até o final de 2025.

Quinze dias após lançar seu primeiro grupo de consórcio, o Banco da Amazônia colocou suas “maquininhas” de cartão (adquirência) nas ruas. A parceria para essa operação é com a empresa Entrepay e as perspectivas são consideradas bastante otimistas. Mesmo antes do lançamento oficial, o Banco da Amazônia já contava com 3,4 mil empresas que o escolheram como seu domicílio bancário, o que facilita as operações de antecipação de recebíveis. A meta do banco é conquistar a liderança de mercado na região Norte entre as empresas de micro e pequeno porte (MPEs).

Em entrevista ao Valor, o CEO do Banco da Amazônia, Luiz Lessa, ressaltou que a adquirência “é um mercado disputado, mas temos grandes clientes e varejistas importantes. E também vamos ofertar as maquininhas para os clientes de microcrédito”. A acessibilidade a novas tecnologias de pagamento e serviços tem imenso potencial de transformação bancária da região amazônica. “As maquininhas são muito mais do que um sistema de pagamento e certamente vão permitir também que os micro e pequenos empreendedores por toda a Amazônia aumentem a sua oferta e geração de receita, com a força e a presença do Basa”, destaca Antonio Freixo, “o Mineiro”, cofundador e CEO da Entre Investimentos e Entrepay.

Na frente dos cartões, o Banco da Amazônia, que até então não emitia cartões, está se credenciando com a Visa e a Mastercard. O objetivo é lançar até setembro um cartão mais básico, seguido por uma alternativa de alta renda. O executivo do banco, Luiz Lessa, adiantou que o cartão terá um caráter disruptivo em termos de sustentabilidade, com um mote que remete à COP 30. A Conferência das Partes (COP) da ONU será realizada em Belém (PA), onde fica a sede do banco, em novembro.

Essas ações são parte de um programa de transformação com nove pilares, que inclui a revisão de processos, aceleração da transformação digital, redefinição da segmentação da base de clientes, mudança do modelo comercial e de atendimento, e o desenvolvimento de novos produtos. O CEO afirmou que, “após um período de incubação, as coisas estão começando a ganhar corpo e a ser entregues”.

A instituição também está investindo fortemente na modernização tecnológica, tendo recentemente fechado um contrato com a suíça Temenos para um novo provedor de “core bancário”. Em sete meses, o banco espera lançar um “super app”, que funcionará como um banco digital. Atualmente, para abrir uma conta, é necessário ir a uma agência e assinar documentos em papel. Com o lançamento efetivo do banco digital e a instalação do novo sistema de “core bancário”, o Basa poderá captar clientes em todo o Brasil, o que deve ajudar a baratear seu custo de funding.

Ainda que o banco expanda suas fronteiras com custos mínimos no mundo digital, a estratégia principal de Luiz Lessa continua sendo crescer a partir da base de clientes existente, sem o objetivo de disputar clientes no “mar aberto” do varejo. Outra iniciativa importante é o lançamento de uma nova plataforma de investimentos no segundo semestre, em parceria com a Genial, que oferecerá produtos como CDB, LCA e fundos.

A transformação do Banco da Amazônia busca reduzir a dependência de programas de fomento, como o Fundo Constitucional do Norte (FNO). Quando Lessa assumiu em maio de 2023, 90% do resultado do banco vinha de crédito, e 90% desse crédito era do FNO, com apenas 10% da carteira comercial. A meta de longo prazo é reduzir a participação do FNO para 60% do crédito e a participação do crédito para 60% do resultado total do banco.

Lessa ressalta que o fomento é a essência do banco e não será abandonado, mas o crescimento proporcional no crédito comercial será maior, embora com parcimônia para evitar a inadimplência. Em maio, o banco também abriu um programa de demissão voluntária (PDV) para até 599 funcionários e planeja lançar um concurso público para renovar o quadro.