Ele não está na lista dos maiores bancos do País. Mas nem por isso deixa de ser reconhecido como um dos mais bem-sucedidos empreendimentos da área financeira. Desde sua fundação, em 1984, o Banco da Mulher Brasil (BMB) já ajudou a melhorar a vida de 45 mil microempresários, 88% dos quais mulheres, contemplados com financiamentos no valor global de R$ 60 milhões. Os recursos vêm de organismos de fomento, como o BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), além de companhias privadas que patrocinam as nove subsidiárias do BMB. O segredo do sucesso está no modelo de gestão. Os empréstimos variam de R$ 100 a R$ 10 mil e a taxa de juros vai até 5% ao mês. A clientela é composta por pequenos comerciantes sem acesso à rede tradicional de crédito. O dinheiro só é liberado a empresas (formais ou informais) com mais de seis meses de existência. Ao longo do período de pagamento, o empreendedor é acompanhado por um agente do banco. Esse profissional dá suporte gerencial e ensina como organizar uma contabilidade básica e na formação da estrutura de custos. ?Com isso ajudamos a garantir a evolução do negócio em bases mais sólidas?, avalia Gabriella Icaza, presidente do Banco da Mulher.

Foi exatamente o que aconteceu com a cabeleireira Iara Maria Fróes, moradora de Salvador (BA). Ela é dona de um pequeno salão de beleza na Liberdade, bairro da região central. Sem verba para adquirir mercadorias, Iara bateu à porta da subsidiária local do Banco da Mulher em 2000. Saiu de lá com um cheque de R$ 700 nas mãos, o suficiente para dar um empurrão em sua trajetória empresarial. ?Consegui modernizar meu salão e atrair mais clientes?, conta. Hoje ela tem rendimento mensal de R$ 4 mil, suficiente para auxiliar nas despesas da casa e pagar a faculdade do filho Manuel.

Ao completar a maioridade, o BMB está às voltas com outro desafio: formar novas empresárias. Gabriella está dando os retoques finais no projeto-piloto da agência que vai cuidar dessa tarefa. O custo para implantar 30 filiais pelo Brasil é estimado em R$ 3 milhões. O dinheiro virá do BID. A candidata a empreendedora terá formação prática e teórica (a cargo do Sesi e do Sebrae), recursos para montar o negócio, além de uma cesta de benefícios: renda mensal e creche para os filhos. ?O alvo são as mulheres que, de uma hora para outra, perdem os maridos e têm de bancar sozinha o sustento do lar?, explica a presidente do Banco.