18/11/2025 - 10:00
O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, informou a autoridade monetária nesta terça-feira, 18, mesmo dia em que o principal acionista do banco, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal quando tentava embarcar para o exterior, segundo duas fontes com conhecimento do assunto.
Também nesta terça, o presidente do banco estatal de Brasília BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado do cargo por 60 dias por decisão judicial no âmbito de operação da PF, de acordo com nota divulgada pelo banco.
Augusto Lima, ex-sócio de Vorcaro no Master, também foi preso pela PF, segundo uma fonte com conhecimento do caso.
A PF, como de praxe, não identificou os alvos da operação. Segundo balanço da operação Compliance Zero, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e dois de prisão temporária. Também foi determinado o bloqueio de R$ 12,2 bilhões e foram apreendidos R$ 1,6 milhão em espécie, além de diversos carros de luxo, obras de arte e relógios. Segundo a PF, os mandados seriam cumpridos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal.
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Com a liquidação extrajudicial do Master decretada pelo BC, as operações do banco ficam suspensas enquanto o órgão regulador nomeia um liquidante para avaliar os créditos dos credores e vender os ativos da instituição financeira.
A decisão foi tomada poucas horas depois que um consórcio liderado pelo grupo de investimento Fictor, com investidores não identificados dos Emirados Árabes Unidos, anunciou que havia concordado em comprar o Master.

Com a instituição financeira agora em liquidação, um administrador nomeado pelo Banco Central assumirá a gestão e elaborará uma lista detalhada dos detentores de dívidas do banco. Assim que esse processo for concluído, o FGC reembolsará os investidores até o limite segurado.
Em nota, o Banco Central informou que decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master devido a uma grave crise de liquidez, destacando que o conglomerado detém 0,57% dos ativos totais do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
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“O Banco Central continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades nos termos de suas competências legais. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas sancionadoras de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis. Nos termos da lei, ficam indisponíveis, a partir de hoje, os bens dos controladores e dos ex-administradores das instituições objeto dos regimes especiais decretados”, completou o BC.
Ao chegar ao Ministério da Fazenda nesta manhã, o titular da pasta, Fernando Haddad, disse ter certeza que o processo sobre o Master no BC é robusto e por isso a autarquia decidiu pela liquidação extrajudicial do banco. Ele disse ainda que o ministério está à disposição do BC.
Rápido crescimento
O Master registrou um rápido crescimento nos últimos anos com uma estratégia agressiva de financiamento baseada em dívidas de alto rendimento vendidas por meio de plataformas de investimento.
Esses títulos foram comercializados como sendo cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que garante até R$ 250 mil por investidor em caso de falência do banco. Em comunicado, o FGC, cuja principal fonte de recursos são as contribuições periódicas das instituições financeiras associadas, disse que o pagamento da garantia será feito após o envio da base pelo liquidante indicado pelo Banco Central.
Enfrentando pressões de liquidez, o Master precisava de capital novo para cumprir os vencimentos futuros desses instrumentos.
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Em setembro, o Banco Central já havia bloqueado a aquisição planejada do Master pelo BRB, após meses avaliando se o BRB tinha capacidade suficiente para sustentar a nova estrutura de capital.
Na operação deflagrada nesta terça, a PF disse que visa combater a emissão de títulos de crédito falsos por instituições financeiras que integram o Sistema Financeiro Nacional.
“As investigações tiveram início em 2024, após requisição do Ministério Público Federal, para investigar a possível fabricação de carteiras de crédito insubsistentes por uma instituição financeira. Tais títulos teriam sido vendidos a outro banco e, após fiscalização do Banco Central, substituídos por outros ativos sem avaliação técnica adequada”, disse a PF em nota.
“Estão sendo investigados os crimes de gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa, entre outros”, acrescentou a corporação.
O Master não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. Procurados, Vorcaro e Costa não comentaram de imediato.
