05/01/2021 - 15:00
O Banco Mundial divulgou nesta terça-feira (5) um diagnóstico pessimista da economia mundial devido à covid-19, e alertou que sua recuperação dependerá em grande parte da rapidez com que serão implementadas as campanhas de vacinação em massa.
A instituição reduziu sua previsão de crescimento no mundo para 2021, embora considere que a queda da economia em 2020 tenha sido “menos forte” que o esperado, com um retrocesso de 4,3% contra os 4,5% previstos em junho passado.
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Para o Brasil, a primeira economia latino-americana, espera-se um crescimento de 3%, impulsionado por uma retomada do consumo e do investimento privado.
O PIB mundial deve crescer 4% este ano, uma redução de 0,2 ponto percentual em comparação com a última projeção, detalhou a instituição em sua perspectiva econômica mundial.
As novas previsões são reflexo do panorama sanitário no final de 2020 em todo o planeta, onde os casos de covid-19 continuam aumentando e surgiram novas variantes do coronavírus. Tudo isso leva a novas restrições, que perturbam ainda mais a atividade econômica, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.
Esses contratempos, cuja consequência é a desaceleração do crescimento, também provocaram, segundo o Banco Mundial, uma redução “considerável” de receita pública e privada. Por um lado, as receitas fiscais caíram. Por outro, as demissões em massa afetaram o poder de compra das famílias.
“É provável que a recuperação seja moderada, a menos que os responsáveis pela formulação de políticas atuem com decisão para controlar a pandemia e apliquem reformas que aumentem os investimentos”, alerta a instituição, que acredita que “as perspectivas a curto prazo continuam muito incertas”.
O cenário mais pessimista, se as infecções de covid-19 continuarem crescendo e as campanhas de vacinação atrasarem, prevê uma expansão de apenas 1,6% em 2021.
Caso contrário, a hipótese mais otimista – controle da pandemia e aceleração das vacinações – aponta para um crescimento de quase 5%.
– Recuperação leve –
Na América Latina e Caribe, o organismo multilateral prevê uma expansão econômica de 3,7% este ano, melhor que sua previsão anterior de um crescimento de 2,8% para a região, publicada em junho.
“Espera-se que a atividade econômica regional cresça 3,7% em 2021, à medida que se flexibilizem as iniciativas para mitigar a pandemia, se distribuam vacinas, se estabilizem os preços dos principais produtos básicos e melhorem as condições externas”, afirmou o Banco Mundial.
A instituição destacou, no entanto, que a recuperação que chegará após uma década de crescimento lento “será muito leve”.
Alertou também que um cenário negativo, com atrasos na distribuição das vacinas contra a covid-19 e efeitos econômicos secundários, poderiam reduzir o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,9%.
– Economias avançadas prejudicadas –
Após uma contração estimada em 3,6% em 2020, o PIB dos Estados Unidos deve recuperar até 3,5% em 2021, 0,5 ponto percentual a menos que na previsão anterior.
A zona do euro registrará uma expansão de 3,6%, após uma queda de 7,4% em 2020, enquanto o Japão crescerá somente 2,5% em 2021 após uma contração de 5,3% em 2020.
No caso da zona do euro, o Banco Mundial reduziu significativamente a perspectiva de crescimento, enquanto a previsão japonesa permanece inalterada.
A atividade econômica será um pouco mais robusta nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento.
O Banco Mundial espera que esses países cresçam 5% este ano, principalmente graças à China, que crescerá 7,9% após uma contração de 2,6% em 2020.
– Crises de dívida –
“A pandemia causou um grande número de mortes e doenças, afundou milhões de pessoas na pobreza”, afirmou o Banco Mundial, que pede aos governos reformas e programas de investimento em massa para melhorar os serviços de saúde, educação e infraestrutura digital.
“É provável que a desaceleração do crescimento mundial prevista para a próxima década se agrave devido à falta de investimentos, ao subemprego e à redução da força de trabalho em muitas economias avançadas”, alertou.
Embora o Banco Mundial manifeste com frequência sua preocupação com o acúmulo da dívida dos países em desenvolvimento e das economias emergentes, desta vez apontou que a pandemia exacerbou seus riscos de endividamento e o lento crescimento.
Isso aumenta ainda mais o peso da dívida e prejudica a capacidade dos países devedores em reembolsá-la.
“É necessário que a comunidade mundial aja com rapidez e determinação para garantir que o recente acúmulo de dívidas não resulte em uma série de crises de dívida”, alertou Ayhan Kose, chefe da divisão de crescimento justo, finanças e instituições, citado em um comunicado de imprensa.
“O mundo em desenvolvimento não pode permitir outra década perdida”, completou.