21/09/2020 - 9:34
HSBC, Deutsche Bank, ING… Grandes nomes das finanças sofriam perdas nesta segunda-feira nas Bolsas de Valores, após as revelações de um consórcio de jornalistas que acusam esses gigantes bancários de terem permitido lavagem de dinheiro sujo em grande escala.
Em Frankfurt, o Deutsche Bank despencava 7,86%, a 7,93 euros, por volta das 13h20 (8h20 de Brasília) após a publicação desta investigação. O Standard Chartered caía 5,15%, para 340,90 pence em Londres.
Em Hong Kong, a ação do HSBC atingiu o menor nível em 25 anos, fechando em queda de 5,33%, a HKD 29,30. Além do fato de que o grupo foi citado pela investigação do consórcio de jornalistas, pode enfrentar sanções de Pequim como parte das medidas retaliatórias contra certos países estrangeiros.
Também citado no caso, o banco ING perdia 8,35% em Amsterdã. De acordo com relatos da imprensa holandesa, a filial do banco na Polônia ajuda clientes a enviar fundos suspeitos para fora da Rússia há anos.
Em pesquisa realizada por 108 meios de comunicação internacionais de 88 países, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), denuncia as deficiências na regulamentação do setor.
– Dinheiro sujo –
“Os lucros das guerras assassinas das drogas, fortunas desviadas dos países em desenvolvimento e economias arduamente conquistadas roubadas em esquemas de pirâmide puderam entrar e sair dessas instituições financeiras, apesar dos avisos dos próprios funcionários dos bancos”, detalha a investigação.
A investigação é baseada em milhares de “relatórios de atividades suspeitas” (SARs) entregues à polícia financeira do Tesouro dos Estados Unidos, FinCen, por bancos em todo o mundo, mas “mantidos fora da vista do público”.
De acordo com o ICIJ, quantias astronômicas de dinheiro sujo passaram pelos maiores bancos do mundo durante anos.
Esses documentos referem-se a 2 trilhões de dólares em transações, entre 1999 e 2017. Seria dinheiro oriundo de drogas e atos criminosos ou mesmo de fortunas desviadas de países em desenvolvimento.
A investigação aponta em particular para cinco grandes bancos – JPMorgan Chase, HSBC, Standard Chartered, Deutsche Bank e Bank of New York Mellon – acusados de terem continuado a transitar dinheiro de criminosos, mesmo depois de terem sido processados ou condenados por má conduta financeira.
O HSBC se defendeu respondendo aos repórteres que sempre cumpriu com suas obrigações legais ao relatar atividades suspeitas.
Em nota, apresentou as acusações do ICIJ como antigas e anteriores a um acordo firmado sobre o assunto em 2012 com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
O banco diz que desde então revisou sua capacidade de combater o crime financeiro em mais de 60 jurisdições, apresentando-se como “uma instituição muito mais segura do que era em 2012”.
Em comunicado, o Deutsche Bank assegurou que as revelações do Consórcio eram de fato informações “bem conhecidas” por seus reguladores e disse que “dedicou recursos significativos para fortalecer seus controles que está sendo extremamente cuidadoso para cumprir (suas) responsabilidades e (suas) obrigações”.
O ING, por sua vez, afirmou que cessou a sua relação em 2018 com uma das empresas incriminadas por ter colaborado com a sua filial polonesa e que se preparava para o fazer com a segunda.
O impacto desta publicação também ecoou na França e os bancos registravam importantes quedas durante uma sessão já bastante nervosa devido aos temores do agravamento da pandemia de covid-19.
Na Bolsa de Paris, que caía 3,32%, Société Générale perdia 5,73%, a 11,91 euros, o Crédit Agricole de 5,36% para 7,66 euros e o BNP Paribas de 5,97 para 32,53 euros.