31/10/2012 - 21:00
Papéis avulsos
A temporada de divulgação de resultados do terceiro trimestre dos grandes bancos nacionais começou na segunda-feira 22, quando o Bradesco informou um lucro de R$ 2,9 bilhões, estável com relação ao mesmo período de 2011. No dia seguinte, o Itaú Unibanco anunciou um lucro recorrente de R$ 3,4 bilhões, queda de 13,4% frente a 2011 e de 5% quando comparado ao segundo trimestre. O último a informar seus resultados foi o Santander, presidido por Marcial Portela, que divulgou um lucro de R$ 1,5 bilhão na quinta-feira 25.
Os resultados não foram muito diferentes das projeções dos analistas, e confirmaram algo que já era esperado: a queda dos juros e a pressão do governo sobre as tarifas e os custos bancários estão espremendo as margens de lucro. Porém, segundo a analista Karina Freitas, da corretora Concórdia, as instituições brasileiras têm capacidade para render mais que as internacionais. Ela recomenda a compra das ações do Bradesco. Quanto ao Itaú Unibanco, o analista Mario Pierry, do Deutsche Bank, diz acreditar em retornos melhores em 2013 e também recomenda a compra das ações. Segundo Portela, os resultados do Santander foram menos afetados pelas condições mais duras de mercado devido à renovação mais lenta da carteira de empréstimos e ao crescimento das receitas com cartões de crédito.
Petróleo
Manguinhos desaba em retorno à bolsa
Depois de mais de uma semana fora do pregão, as ações da refinaria Manguinhos voltaram a ser negociadas, no final da sessão da terça-feira 23. Os papéis ordinários da companhia caíram 67,9% e os preferenciais recuaram 69,7%. No pregão seguinte, as cotações recuperaram, respectivamente, 18,5% e 35% das perdas. A título de comparação, a maior queda do Ibovespa foi registrada em 21 de março de 1990, quando a bolsa caiu 22,26%, em reação ao Plano Collor.
Touro x Urso
Após uma semana sofrendo com resultados ruins de empresas, especialmente os bancos, a bolsa promete volatilidade nos próximos dias. A justificativa é a preocupação dos investidores com relação a um possível rebaixamento da nota de classificação de risco dos Estados Unidos. Apesar do efeito prático restrito, a notícia poderá provocar alguma turbulência. O Índice Bovespa oscilou abaixo de 58 mil pontos, e será difícil retornar ao patamar anterior, que era de 60 mil.
Mineração
Preço do minério reduz lucro da Vale
Sob a influência da redução do preço do minério de ferro, a Vale encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 3,3 bilhões, uma queda de 58% em relação ao registrado no mesmo período de 2011. A receita recuou 19%, para R$ 22,2 bilhões. Os números vieram em linha com as expectativas do mercado. Em comunicado, a empresa afirmou que o resultado de julho a setembro refletiu a queda e a maior volatilidade dos preços do minério.
Serviços
Qualicorp mantém a saúde
A Qualicorp informou, na segunda-feira 22, que seu fundador, José Seripieri Filho, assumirá sua presidência, em substituição a Heráclito de Brito Gomes, que deixará o cargo, em 15 de novembro, por razões “estritamente pessoais”. Para os analistas da corretora Coinvalores, a mudança não deve alterar a estratégia da Qualicorp, que tem apresentado bons resultados, com uma forte geração de caixa e rentabilidade. No ano, as ações da companhia acumulam, no ano, alta de mais de 18%.
Educação financeira
Em Belíndia 2.0, o economista Edmar Bacha faz um balanço da história econômica do País e fala sobre novos rumos para o crescimento do Brasil. Ed. Civ. Brasileira, 462 págs., R$ 59,90.
Energia
Cosan consegue controle da Comgas
A Arsesp autorizou, na quarta-feira 24, a transferência da Comgas, atualmente controlada pelo Grupo BG, à Cosan. O negócio foi fechado em maio, mas dependia da aprovação. Na mesma data, a Cosan anunciou a venda da Docelar Alimentos e Bebidas para a Camil. O objetivo da companhia é concentrar esforços em energia e infraestrutura, mercados prioritários para a empresa.
Mercado em números
BR Malls
R$ 4,7 bilhões - É a estimativa de vendas da administradora de shopping centers para o terceiro trimestre. O montante representa uma alta de 20,6% em relação ao mesmo período de 2011.
Cielo
R$ 588,9 milhões - Foi o lucro da processadora de cartões, no terceiro trimestre, alta de 28,7%, ante o mesmo período de 2011. O montante superou os R$ 583 milhões previstos pelos analistas.
Grendene
R$ 119,4 milhões - Foi o lucro líquido registrado pela companhia, no terceiro trimestre, uma alta de 43% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Petrobras
R$ 70 milhões - É o valor que a petrolífera vai investir para comprar um novo navio de pesquisa no oceano. Segundo a estatal, o valor total do empreendimento será de R$ 162 milhões.
Indústria Romi
R$ 7,99 milhões - Foi o prejuízo registrado pela empresa, no terceiro trimestre, depois de informar um lucro de R$ 8,66 milhões, no mesmo período de 2012. A companhia apresentou, também, queda de 4,2% na receita líquida.
Pelo mundo
Resultado da US Airways decola
A US Airways lucrou US$ 245 milhões no terceiro trimestre, alta de 222% frente aos US$ 76 milhões de 2011. Em nove meses, o lucro foi de US$ 600 milhões, ante os US$ 53 milhões do ano passado. O CEO Doug Parker afirmou que a companhia “está bem posicionada para o restante de 2012 e além”.
Heineken brinda ganhos
O lucro líquido da fabricante holandesa de bebidas Heineken cresceu 9,9%, de julho a setembro, para € 577 milhões. A receita líquida avançou 7,1%, para € 4,97 bilhões. Considerando apenas a cerveja, as vendas nas Américas cresceram 4,4%, puxadas por México, Brasil e Estados Unidos.
Nasdaq lucra menos
A queda nos volumes de negócios nos Estados Unidos e na região nórdica reduziu em 18% o lucro do grupo Nasdaq OMX no terceiro trimestre. A bolsa eletrônica informou ganhos de US$ 89 milhões, ante US$ 109 milhões um ano antes. A receita líquida caiu 6% para US$ 409 milhões, abaixo dos US$ 411,9 milhões previstos.
Personagem
A TOTVS quer falar espanhol
Líder em software de gestão de pequenas e médias empresas, a Totvs olha o mercado externo. Gilsomar Maia Sebastião, seu diretor de planejamento, fala sobre a internacionalização da companhia, aproveitando as oportunidade de negócios nos países vizinhos.
Gilsomar Maia Sebastião, diretor de Planejamento da Totvs:
América Latina é um mercado interessante para a empresa
A Totvs vem cogitando uma expansão internacional. Que países interessam à companhia?
Cerca de 98% do faturamento tem origem no Brasil. Queremos diminuir esse peso. Por isso, estamos avaliando empresas em países da América Latina, como México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia.
E os países africanos?
A África é um mercado forte e interessante, mas para o longo prazo. Temos franquias em Angola e podemos pensar em ter algo lá. É um continente com grande potencial para crescimento.
Como a empresa vai financiar a expansão?
No caso de aquisições, caixa não seria um problema, pois somos grandes geradores. Também estamos estudando a captação de recursos por meio da emissão de dívidas, ou até mesmo listando nossas ações em outras bolsas.
Quem negocia essas ações?
Usualmente, são grandes investidores estrangeiros que gostam do setor. Mesmo tendo sido considerados a 18º marca mais valiosa do País pela DINHEIRO, ainda sofremos com o desconhecimento dos investidores brasileiros.
Não existe um controlador na Totvs. Isso atrapalha a tomada de decisões?
Desde a abertura de capital, em 2006 não existe um bloco de controle, pois cerca de 70% das ações circulam no mercado. Para tomar decisões contamos com sete conselheiros. Seis deles são independentes e não participam do dia a dia da empresa. Temos nomes como Pedro Moreira Salles, do Itaú Unibanco, e Pedro Passos, da Natura. Para facilitar o trabalho, alguns deles coordenam comitês, como o de remuneração e inovação.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira