Os bancos Santander (espanhol), Intesa Sanpaolo (italiano) e BNP Paribas (francês), três gigantes europeus, obtiveram lucro recorde no ano passado, que ilustram o bom momento do setor bancário.

Em 2024, os bancos aproveitaram o aumento das comissões, uma margem maior nos empréstimos e uma inadimplência menor, que lhes permitiram alcançar estes resultados, explicou à AFP David Benamou, diretor de investimentos da Axiom AI.

Os bancos também se beneficiaram de um forte dinamismo comercial e da euforia de certos mercados após a eleição de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.

Com forte presença na Europa e na América Latina, o Santander segue mostrando um excelente desempenho financeiro em relação a seus concorrentes.

O banco anunciou, na quarta-feira, lucro líquido recorde em 2024 de 12,5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 75 bilhões na cotação da época), um aumento de 14%.

O BNP Paribas veio logo depois, com um lucro líquido de 11,7 bilhões de euros (cerca de R$ 70 bilhões, um aumento de 4%) e o Intesa Sanpaolo faturou mais 12%, para 8,7 bilhões de euros (R$ 52 bilhões).

Além disso, estes não foram os únicos bancos que registraram lucro recorde no ano passado: o BBVA, segundo banco mais importante da Espanha, superou pela primeira vez a cifra simbólica de 10 bilhões de euros (aproximadamente R$ 60 bilhões).

E o Commerzbank, segundo banco da Alemanha, também registrou um lucro recorde de 2,68 bilhões de euros (cerca de R$ 16 bilhões).

– Competitividade –

Os bancos europeus “continuarão aproveitando as condições creditícias favoráveis em 2025 para consolidar suas posições financeiras e comerciais, e desenvolver suas ambições”, destacaram analistas do S&P em uma nota publicada em janeiro.

Estes ganhos históricos estimulam os bancos a comprar seus concorrentes.

É o caso do italiano Unicredit, cujos resultados financeiros serão conhecidos em 11 de fevereiro e que avalia a compra de seu compatriota, o Banco BPM, ou do alemão Commerzbank.

O BNP Paribas poderia, por sua vez, comprar a atividade de gestão de ativos da seguradora Axa.

“Se 2024 foi um ano de resultados excepcionais, 2025 promete ser um teste para o setor”, adverte Mathieu Gosselin, da consultoria Bartle.

Os efeitos da volta de Trump à Casa Branca foram inicialmente benéficos, mas os bancos europeus seguem sendo menos competitivos que os americanos, que não são sujeitos às mesmas regras.

Os grupos bancários estão dedicando parte substancial de seus lucros a seus acionistas, aumentando os dividendos e lançando programas de recompra de ações.

Também reservam dinheiro para os impostos nos países dos quais dependem.

O Santander reservou no começo do ano passado 335 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,6 bilhão em valores de janeiro de 2024) para o imposto excepcional aos grandes grupos bancários, introduzido pelo governo do socialista Pedro Sánchez na Espanha.

A conta será menor para o BNP Paribas: o banco deveria pagar “algumas poucas dezenas de milhões de euros em impostos adicionais”, segundo a previsão do projeto de orçamento do Estado francês para 2025, disse na segunda-feira seu vice-presidente-executivo, Thierry Laborde.