13/03/2017 - 8:32
O ano de 2016 rendeu mais um passo na evolução do Certificado de Operações Estruturadas (COE), uma aplicação voltada para quem deseja ter os ganhos de produtos mais arriscados, mas busca também limitar prejuízos. A perspectiva de queda da Selic pode impulsionar o avanço do produto este ano, uma vez que o juro básico não deve mais garantir os ganhos robustos vistos na renda fixa no passado.
Segundo balanço da Cetip, a emissão de COEs em 2016 movimentou R$ 9,5 bilhões, um crescimento de 9,2% em relação aos R$ 8,7 bilhões produzidos em 2015. O estoque também ficou em R$ 9,5 bilhões, avançando 23,4% sobre os R$ 7,7 bilhões disponíveis no mercado em 2015, uma vez que muitos títulos venceram no ano passado.
O produto continua voltado para a alta renda. Entre os principais bancos emissores, a aplicação mínima é de R$ 25 mil no Itaú, R$ 20 mil no Bradesco, e R$ 15 mil no Santander.
O COE é uma operação que funciona como uma espécie de “trava”. Montado a partir de outros ativos – como Bolsa, dólar, índices de inflação ou de ações no exterior -, ele permite ao investidor participar de movimentos de alta, porém com um teto para ganhos. Em caso de queda desses ativos, o instrumento pode garantir a devolução do valor investido, às vezes corrigido pela inflação. No entanto, o investimento é de baixa liquidez e não garante o montante aplicado em caso de resgate antes do prazo. A tributação segue o prazo das aplicações, que varia entre nove meses e dois anos, conforme a estratégia.
Há apenas três anos no mercado, os COEs não atraem tanto quanto o Certificado de Depósito Bancário (CDB) e as Letras de Crédito Imobiliário e Agrícola (LCIs e LCAs). Apesar de haver aplicações a partir de R$ 1 mil, o produto ainda não decolou porque concorria com o juro básico alto, que garantia ganhos robustos para títulos de renda fixa sem muito esforço, explica o superintendente de produtos da Cetip, Fábio Zenaro. Porém, esse cenário deve mudar: “Com a perspectiva de queda da Selic, o investidor precisa começar a fazer mais contas.”
Além disso, em 2016, a venda de COEs foi liberada para bancos e corretoras que não montam esses produtos, o que amplia seu alcance.
No Itaú, que detém participação de cerca de 50% desse mercado, os COEs mais emitidos nos últimos três anos foram os atrelados à Bovespa, ao câmbio e à inflação. “Lá atrás, tínhamos um cenário de incerteza e o COE era uma alternativa para oferecer proteção”, diz Luciano Diaferia, superintendente de produtos do banco. Responsável por mesas e produtos no Itaú, Eric Altafim diz que há COEs que superaram o CDI – taxa que baliza investimentos mais conservadores – em até 120% nesse período.
Na média do mercado, porém, 43% dos COEs que venceram em 2016 renderam abaixo do CDI, conforme o balanço da Cetip. Esse resultado foi influenciado pelas aplicações que, além de proteger o principal, garantem uma correção do valor investido pela inflação em caso de revés na estratégia. Isso acaba comprometendo o limite máximo de ganhos. “Quanto mais garantias se der de um lado, menos alavancagem poderá haver do outro”, diz Paulo Waack, diretor de Tesouraria do Bradesco.
A possibilidade de entrar na renda variável com garantia de capital deve atrair mais investidores em 2017, segundo Simon Peled, superintendente de vendas da Tesouraria do Santander. “O COE facilita o acesso a estratégias antes disponíveis só para o investidor institucional.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.