11/10/2017 - 14:38
A esquerda radical francesa provocou polêmica na França ao exigir a retirada da bandeira da União Europeia (UE) da Assembleia Nacional, o que levou o presidente pró-europeu Emmanuel Macron a prometer rapidamente a sua manutenção.
“Senhor Presidente, você não tem o direito de impor à França um emblema europeu confessional. Não é seu e a França votou contra a sua adoção sem equívocos”, escreveu nesta quarta-feira em um comunicado o líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, que assegura que o autor da bandeira europeia se inspirou em representações religiosas ao escolher as cores e símbolos.
O seu movimento, França Insubmissa, anticapitalista e crítica da UE, propôs na semana passada retirar a bandeira europeia do hemiciclo e substituí-la pela da ONU, mencionando a “dificuldade de colocar uma bandeira que não gera consenso”.
Não é a primeira vez que Ménenchon denuncia a presença dessa bandeira, que representa um círculo de estrelas em um fundo azul, na Assembleia Nacional.
“Este é o lugar da República Francesa, não da Virgem Maria”, afirmou, referindo-se ao criador da bandeira europeia, Arsène Heitz, que declarou ter se inspirado nas representações da Virgem Maria ao projetá-la.
Na terça-feira, Emmanuel Macron anunciou que reconhecerá oficialmente a bandeira europeia na próxima cúpula da UE, para que a mesma não possa ser “retirada do hemiciclo” da Assembleia Nacional.
Na prática, trata-se de assinar a Declaração 52 do Tratado de Lisboa, segundo a qual “a bandeira que representa um círculo de doze estrelas douradas em um fundo azul, o hino de Oda para a Alegria da Nona Sinfonia de Beethoven, o lema “Unidos na diversidade”, o euro como moeda da UE e o dia da Europa em 9 de maio continuarão a ser símbolos comuns dos cidadãos da UE”.
Para Mélenchon, esta declaração “não pode ser assinada” pelo chefe de Estado “sem o voto nem o acordo do Parlamento”.
Já a líder da extrema direita, Marine Le Pen, acusou Macron de agir “como um lacaio da UE”.