19/12/2014 - 6:45
Se você gosta de música, certamente conhece ou já foi dono de um iPod, da americana Apple, um dos maiores conglomerados de tecnologia do mundo. Embora esteja um pouco démodé atualmente, o icônico aparelho sonoro, lançado em 2001, foi considerado uma revolução no mundo das canções. O que poucos sabem, no entanto, é que a grande inspiração para sua criação veio de uma empresa dinamarquesa de aparelhos eletrônicos, quase centenária, chamada Bang&Olufsen. Em 1998, a grife lançou um telefone sem fio, desenhado pelo designer dinamarquês Henrik Sørig (se pronuncia Chiurrique), cujas funções principais eram ajustadas por um painel de comandos circular, com o formato de uma roda – exatamente o mesmo usado nos iPods até hoje.
Os gadgets da Bang&Olufsen, cujas receitas, em 2013, foram de 2,86 bilhões de coroas dinamarquesas, o equivalente a US$ 475 milhões, fizeram fama no mundo inteiro com seu design inovador. Prova disso é que a empresa de eletrônicos é a única no mundo a ter mercadorias expostas permanentemente no Museu de Arte moderna de Nova York, o MoMa. No início deste mês, a Bang&Olufsen cruzou novamente as fronteiras e retornou ao mercado brasileiro, depois de seis meses fora do País. A inauguração de uma butique no Shopping Cidade Jardim, em São Paulo, veio para acalmar os ânimos daqueles que acreditavam que a grife havia desistido de atuar em solo brasileiro.
Durante cinco anos, até agosto último, a empresa manteve uma unidade própria no Shopping Iguatemi, na capital paulista. Essa mudança de endereço, na verdade, reflete uma troca de parâmetros no mercado brasileiro. “O Brasil se tornou uma unidade própria de negócios”, diz António Vilares, diretor da Bang&Olufsen na América Latina. Vilares explica que, antes, os produtos chegavam ao Brasil por meio de um importador, baseado em Montevidéu, no Uruguai – o que limitava as opções de produtos. Atualmente, o modelo de operação consiste em importar diretamente da matriz, em Copenhague. “Dessa maneira, a loja de São Paulo tem a mesma variedade verificada em qualquer outra cidade do mundo, como Berlim, Paris ou Nova York”, diz Vilares.
Os pontos de venda da Bang&Olufsen são padronizados no mundo inteiro. “Nosso foco é na experiência que vamos proporcionar ao cliente.” Se a experiência é diferenciada, o preço também é. Dentre os aparelhos de destaque estão a televisão, feita de alumínio, de 85 polegadas, com imagem de ultra-alta definição (4K) e sistema de som de ponta, chamada BeoAvant, pela bagatela de R$ 167 mil. Outro item com preço bem acima da média é a caixa acústica beolab5, usada para compor o home-theater, que custa R$ 174. Um fone de ouvido na loja não sai por menos de R$ 990. O executivo explica que o valor salgado é fruto de muito estudo e planejamento antes de sua concepção. “Tudo na companhia é feito artesanalmente”, diz.
O executivo também destaca os custos da importação no País. “O Brasil tem os produtos da marca mais caros do mundo”, afirma. O posicionamento no mercado de luxo, somado ao apelo futurista de suas mercadorias, rendeu fãs ilustres à grife, como os cantores Paul McCartney e Madonna, além do ator Brad Pitt. Seus produtos também costumam aparecer em filmes, como o Diabo Veste Prada. No longa, a ácida e poderosa editora de uma revista de moda americana Miranda Prisley, interpretada pela vencedora de três Oscar Meryl Streep, desfila com os fones de ouvido da empresa. Vilares garante que nunca pagou por esse tipo de propaganda. “Somos uma empresa muito low profile”, afirma. “Temos clientes famosos porque eles realmente apreciam a marca.”