O casamento do lazer com a rentabilidade é o sonho de qualquer mortal. Nem sempre, contudo, essa união permanece no campo do impossível. Ela é mais real do que se pensa. Amparadas no crescimento da indústria do turismo no Brasil, grandes cadeias hoteleiras têm erguido empreendimentos imobiliários dentro dos resorts. Neles, o investidor compra a casa com mordomias cinco estrelas e pode alugá-la quando não a está ocupando. Tudo administrado pelo hotel. ?Esse é um modelo americano que tem dado certo no Brasil?, diz Gelson Popazoglo, diretor-executivo da Resorts Brasil, a entidade que reúne 33 cadeias hoteleiras. Essa explosão de ofertas se deve aos resultados e ao potencial de crescimento do setor. Os resorts brasileiros faturaram R$ 700 milhões em 2005, um incremento de 9% em relação a 2004. A ocupação atingiu uma média de 58% e a previsão é de que alcance 70% até o fim de 2006. Espera-se, na ponta do lápis, um crescimento de 10% no faturamento. ?Muitos grupos estrangeiros estão vindo para o Brasil de olho nesse mercado?, diz João Cavalcante, professor de Administração Hoteleira da Faculdade Armando Álvares Penteado, a FAAP. ?Os hotéis tornam-se âncoras para a venda de imóveis?.

Para o investidor que pretende se aventurar nesse segmento, há algumas dicas. A primeira é verificar a localização do empreendimento. A região Nordeste é hoje uma das preferidas devido as belas paisagens e a proximidade do continente europeu, o que facilita a vinda de turistas estrangeiros. É necessário também conhecer o projeto, verificar qual a bandeira hoteleira que administrará o negócio e, principalmente, comprar o empreendimento na fase de lançamento. Isso porque a valorização depois de construída a casa é imediata. O Beach Class Resort Muro Alto, administrado pela cadeia Atlantica (assim mesmo, sem acento) em Pernambuco, é prova disso. Antes da inauguração, os bangalôs com 67 m2 de frente para o mar custavam R$ 230 mil. Agora, dois meses depois de aberto, já valem R$ 420 mil. Além da valorização do imóvel, o proprietário pode ganhar também com a sua locação. Desse modo, o bangalô é posto a disposição da administradora e o dono tem o direito de usá-lo por 30 dias durante o ano. ?Garantimos R$ 3,6 mil de rentabilidade mensal?, diz Júlio Lacande, gerente-geral do Beach Class Resort. Outro empreendimento da mesma família que tem dado bons rendimentos é o condomínio de casas do Txai Resort, em Itacaré, na Bahia. As casas com quatro suítes, que custam R$ 1,5 milhão, são alugadas por US$ 1,6 mil a diária. ?Conseguimos ocupá-las por cerca de quatro meses?, diz Renato Guedes, proprietário do Txai. Isso garante US$ 192 mil de retorno anual – 60% ficam com o proprietário e o restante com o hotel. Os próximos condomínios que anunciam valorização são o Terravista, em Trancoso, e o Costão Golf, em Florianópolis. O lazer pode ser, definitivamente, um bom negócio.