12/04/2013 - 21:00
O Banco Nacional do Norte, mais conhecido como Banorte, foi uma das mais tradicionais casas bancárias nordestinas. Fundado em 1942, ele chegou a ter uma rede de 81 agências até ser tragado por uma onda de desconfiança do mercado após a falência do Banco Econômico, em 1995. Seus controladores, a família Baptista da Silva, negociaram sua venda para o antigo Banco Bandeirantes, tentativa que não conseguiu impedir a intervenção, em maio de 1996, e a liquidação, em dezembro. Quase duas décadas depois, o Banorte – cujo slogan era “seu amigo na praça” – voltou ao mercado com novo dono.
Dalla Nora, CEO: “Há pessoas das classes D e E que não têm acesso
a crédito, e serão nossos próximos clientes”
Paulo Dalla Nora, fundador e principal executivo do Banco Gerador, arrematou a marca em 2012, aproveitando a imagem positiva do Banorte no mercado pernambucano. Inaugurado há quatro anos, o Gerador registrava R$ 326 milhões em ativos no terceiro trimestre do ano passado, dado mais recente disponível no Banco Central. Seu crescimento tem sido acelerado: nos 12 meses até setembro passado, o total de ativos avançou 34%, muito acima dos 14%, em média, do sistema bancário. “O Estado tem população e renda crescentes, e é o melhor lugar para se estar”, diz Dalla Nora. Cerca de 60% da geração de receita vem da Rede Banorte Matriz, correspondente bancário que recebe contas, vende microsseguros e busca oferecer o primeiro crédito e o primeiro cartão para o cliente.
A rede conta com 105 lojas, distribuídas em 45 municípios de Pernambuco. Os 40% restantes da receita vêm do próprio Gerador, dedicado a empresas locais que faturam entre R$ 25 milhões e R$ 100 milhões. O balanço ainda não foi publicado, mas uma estimativa preliminar indica que os empréstimos cresceram 25% em 2012 e a carteira de crédito chegou aos R$ 230 milhões. A meta é atingir R$ 300 milhões no primeiro trimestre de 2013, surfando na onda dos grandes investimentos que serão aplicados em Pernambuco. “Quando se abre uma empresa, outras chegam para prestar serviços, e queremos ser o primeiro banco desses novos empresários não bancarizados.” Outra vertente são as atividades de banco de investimentos.
No fim de fevereiro, o Gerador captou R$ 50 milhões em um fundo de recebíveis cujo patrimônio são empréstimos consignados concedidos pelo Banorte. “A demanda foi de R$ 90 milhões, quase o dobro do que emitimos”, afirma. A ligação do banqueiro com o sistema financeiro é antiga. Sua família, tradicional na região, possuía a Nordeste Segurança e a Transbank, que formavam o maior grupo transportador de valores do País, vendido em 2012 à espanhola Prosegur por R$ 825,5 milhões. “Já sabíamos o caminho do dinheiro, o que facilitou o negócio bancário.” O foco do Gerador é ser um banco regional. “Há pessoas das classes D e E que não têm acesso a crédito, e serão nossos próximos clientes.” A intenção é abrir filiais do Banorte apenas na região Nordeste.