22/10/2003 - 8:00
Tratamento vip é apelido. Para quem é milionário, existe um serviço financeiro mais do que exclusivo. São os family offices, dedicados a administrar a fortuna de famílias com patrimônio acima de R$ 1 milhão. Há dois anos, quando surgiram os primeiros escritórios no País, era um serviço voltado para atender famílias tradicionais como Safra e Gerdau. Agora, o que era um movimento embrionário se expandiu e
passou a atender famílias ricas em geral. São mais de 30 family offices, que administram no mínimo R$ 300 milhões. Nesses
escritórios, trabalham executivos do mercado financeiro com dedicação integral a um número restrito de clientes. Os
banqueiros de família cuidam de cada detalhe da vida financeira
de seus clientes: da escolha de fundos à compra de imóveis
ou venda de obras de arte. Quando não dominam o assunto, pesquisam o mercado e contratam consultores para ajudá-los.
Esses profissionais têm larga experiência no mercado financeiro e já passaram por bancos de grife internacional antes de abrir seu escritório próprio. É o caso de José Monforte, ex-Merril Lynch e Citibank, que administra a fortuna dos sócios da Natura. Monforte abriu a empresa Janos para cuidar com exclusividade do patrimônio dos acionistas da empresa de cosméticos. ?Tenho experiência para saber qual é o melhor investimento?, gaba-se. Agora, Monforte prepara-se para abrir outro escritório e ampliar sua clientela. Nos encontros com os membros da família, os executivos costumam conversar sobre tudo, de filantropia a sucessão empresarial. À vontade, os milionários revelam suas ambições financeiras e fazem planos para o futuro. É assim na Prime, uma family office com apenas seis meses de existência, mas que já conta com uma filial em Nova York. ?Temos as melhores opções de investimento no Brasil e lá fora?, afirma Miriam Saintive, dona da Prime, que não revela os nomes das famílias que atende.
Nesses escritórios, o atendimento não se limita ao horário bancário. Os especialistas deixam o celular ligado 24 horas para atender os clientes. É o caso dos executivos Carlo Moratelli e Mário Esteves, da MCA Economy, escritório especializado em administrar fortunas. No mês passado, Esteves viajou com uma das famílias para Lisboa. Lá, eles ficaram uma semana trancados num hotel para discutir a questão sucessória da empresa. Longe dos telefones e do assédio de amigos, os acionistas analisaram o que cada um pensa em fazer. ?Nossa função é definir estratégias e não deixar que as famílias destruam seus patrimônios por desentendimentos?, diz Esteves. Mas o que eles mais fazem mesmo é multiplicar fortunas.