20/11/2017 - 9:30
Mal começa a subir, uma mulher já confessa: “Ai, meu Deus! Estou morrendo de medo”, diz, segurando firme as duas mãos no balcão. Não é a única. Entre os presentes, a expressão mais comum é de apreensão e nervosismo – pelo menos, no início do passeio. O bar, então, é içado por um guindaste até “estacionar” a 42 metros do chão, no meio do Parque Villa-Lobos, na zona oeste de São Paulo. Feito com uma estrutura de aço, com o piso forrado por madeira e com uma tenda por cima, o “Bar nas Alturas” tem dez banquinhos ao redor do balcão central. Outras quatro pessoas também podem ir em pé, segundo a capacidade do equipamento. Durante o passeio inteiro, que dura cerca de 15 minutos, todos ficam presos a cintos de segurança.
O ingresso custa R$ 25 (crianças até 3 anos não pagam). “É show de bola! A sensação quando chega lá em cima é meio punk: é muito alto e venta bastante. Bate aquela coisa no começo, mas é bem seguro”, diz o corretor de imóveis Paulo Santos, de 52 anos. “Escolheram um lugar estratégico do parque, então dá para ter uma vista bem legal.”
Na fila, o casal Leandro Pagani, de 28 anos, e Giovana Gentil, de 29, tinham opiniões opostas. “Eu já tinha lido antes sobre o Dinner in The Sky (jantar a 50 metros de altura), que acontece em outros países. Então quando vi na internet que ia ter esse bar aqui, fiquei logo interessado”, conta Pagani. “Mas eu não queria vir, não”, completa a namorada, aos risos. “Só vim pelo companheirismo mesmo. Tenho medo de altura.” Lá de cima, é possível ter uma visão panorâmica do parque: os bosques, os gramados, a criançada brincando no solo. É a hora preferida para sacar o celular e fazer uma selfie. “A gente tem um retrato da cidade. Desse lado dá para ver o paredão de prédios de Alto de Pinheiros. Do outro, a favela do Jaguaré”, comenta Janaina Máximo, uma das coordenadoras do evento.
O bar também oferece um drink (sem álcool, porque no Villa-Lobos não pode), servido em copo plástico. Segundo a coordenadora, a altura do bar varia, por questões de segurança, com condições meteorológicas, velocidade do vento e até tipo de solo. “No sábado, por exemplo, ele subiu 30 metros”, afirma Janaina. “O público tem de crianças de colo até senhorinhas. É para todo mundo.”
“Mais do que um bar, é um mirante”, diz o engenheiro Fábio Paschoal, proprietário do equipamento. “Antes, as pessoas só queriam ir ao shopping, ficar em um espaço fechado. A impressão que eu tenho é que esse tempo já passou”, afirma. “Elas querem estar ao ar livre, então nossa ideia é oferecer um ambiente legal, para que se crie o hábito desse tipo de passeio.”De mão dada com a namorada na saída, Leandro Pagani diz que a experiência nas alturas “correspondeu à expectativa”. Animada, Giovana não deixa por menos. “É muito, muito mais tranquilo do que eu pensava. Foi ótimo.”
Atrações. O “Bar nas Alturas” faz parte da programação do “Família no Parque”, que começou no sábado e termina hoje no Villa-Lobos. Com um “complexo de entretenimento”, o evento tem outras atrações, das 10 horas às 19 horas, incluindo food trucks e food bikes.Estacionado ao lado do bar, fica o “Caminhão de Eventos”, com um palco montado em cima, onde se apresentam bandas e DJs. Lá, toca de rock a canções infantis. As músicas são reproduzidas em um equipamento de som que dá conta de até 8 mil pessoas. Em uma das cabines do caminhão, há uma área de Realidade Virtual, com dois óculos disponíveis para o público. Em outra uma motocicleta é usada de cenário para as fotos de recordação. Como a moto está em frente a um plano verde, é possível escolher o fundo da imagem. Os serviços são gratuitos.
Para crianças a partir de 2 anos, brinquedos infláveis se concentram na “Área Kids”. São escorregadores em formato de galo, baleia, camaleão – ao custo de R$ 5. “Tivemos a preocupação de trazer uma estrutura focada na família”, diz Fábio de Francisco, um dos organizadores. “Hoje, é muito difícil competir com quantidade de atrativos que a criança já tem em casa. Seja um celular, um tablet… A ideia é conseguir trazer todos.”
Uma das atrações preferidas é o bungee trampolim (R$ 12), em que o usuário, amarrado em elásticos, fica saltando em uma cama – também – elástica. Nela, o pequeno Gabriel Farias, de 2 anos, era só risadas. “Eu adorei o evento”, diz a mãe, Karine Pereira, de 28 anos. “É muito importante conseguir tirar a criança do videogame e trazer para brincar na rua, como a gente fazia antigamente.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.