21/05/2025 - 17:07
Desde a última sexta-feira, 16, a pequena cidade gaúcha de Montenegro, situada na região metropolitana de Porto Alegre, está no centro do noticiário nacional.
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Foi em uma granja do município que se identificou o primeiro foco de gripe aviária em estabelecimento comercial no Brasil, o que tem preocupado produtores rurais da região.
Um ano atrás, a cidade foi uma das impactadas pelas enchentes que atingiram o estado do Rio Grande do Sul. Estima-se que 11 mil pessoas foram afetadas no município e os prejuízos ultrapassaram R$ 110 milhões, marcando a maior tragédia da história do município.
A avicultura é uma das principais atividades econômicas de Montenegro, atrás apenas da produção de citros. O município produziu 1,9 milhão de aves em 2024, o que gerou cerca de R$ 64 milhões para a cidade. De toda essa produção, 70% é destinada à exportação, segundo a prefeitura da cidade.
Por isso, o clima é de apreensão entre os produtores da cidade, principalmente os menores, segundo o secretário municipal de Desenvolvimento Rural, Vlademir Gonzaga, relatou à Dinheiro Rural.
“Os pequenos produtores que têm o seu frango, a sua galinha no galinheiro, para sua subsistência, estão, sim, apreensivos, principalmente esses em volta da granja, eles que estão sendo visitados”
Após a notícia sobre o foco do vírus no local, logo foi estabelecido um cinturão sanitário de 10 km ao redor da granja afetada.
Nesta quarta-feira, 21, as equipes do Serviço Veterinário Oficial concluíram as vistorias nas propriedades dentro do perímetro estabelecido. Mais de 540 propriedades rurais foram vistoriadas, incluindo aquelas sem produção avícola, visando monitorar o risco da gripe.
Além das ações de vigilância ativa e barreiras de desinfecção, os servidores estão atuando em atividades de educação sanitária, com orientações em escolas e visitas em agropecuárias no raio de dez quilômetros do foco.
Além disso, até esta quarta-feira, eram sete barreiras sanitárias implementadas na cidade, parando veículos que transportam carga viva, ração animal, leite, entre outros itens.

A granja onde foi identificado o vírus é considerada de médio porte para os parâmetros da região. Ela produz galinhas matrizes, ou seja, com finalidade de gerar ovos férteis que são comercializados para desenvolver animais de corte.
“Temos aqui em Montenegro aproximadamente 30 granjas, a maioria é integrada, ou seja, produzem para frigoríficos que posteriormente vão exportar essa carne de frango. Essa onde o foco ocorreu se diferencia um pouco, por ser de matriz, podemos dizer que era uma granja de médio porte comparada às demais”, explica.
Na granja onde o foco ocorreu, mais de 17 mil animais morreram, alguns devido à infecção pelo vírus, outros sacrificados. As aves foram enterradas em valas sanitárias. Os ovos fertilizados do local, que eram vendidos para reprodução, foram queimados para evitar a disseminação da doença.
Montenegro é um dos municípios pioneiros na produção avícola no país. O início foi na década de 1970, com a instalação da Frangosul na cidade, e que hoje conta com frigoríficos de empresas como JBS e Vibra Foods.

Impactos para a cidade ainda não foram mensurados
Estima-se que o setor de avicultura empregue mais de 2 mil pessoas em Montenegro. O setor é fundamental para a arrecadação geral do município, sobretudo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“É um impacto que a gente ainda não mensurou, mas vai ser bem significativo para a economia do município, não sabemos ainda se vai parar de produzir ou não. Mas esperamos que a receita reduza, que venha um certo impacto financeiro para nós, mas só vamos saber qual o grau, quando passar esse prazo estipulado de 30 dias”, explica o secretário.
*Estagiário sob supervisão