24/11/2017 - 8:48
A hesitação do presidente Michel Temer em nomear e empossar na quarta-feira, 22, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) na Secretaria de Governo fez com que voltassem a circular nos bastidores da base governista nomes alternativos para o cargo de ministro da articulação política, atualmente ocupado pelo deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA).
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), costura para que o cargo seja entregue ao ex-ministro Roberto Brandt (Previdência no governo FHC), que foi do PFL e do PSD e recentemente ajudava na construção de um novo programa para a reformulação do DEM. Maia tenta repetir a estratégia que usou para emplacar o deputado Alexandre Baldy (sem partido-GO) no Ministério das Cidades.
Ele conta com a simpatia de deputados da bancada mineira, que se queixa de sub-representação no primeiro escalão ministerial e seria alçado ao cargo com aval de um consórcio de partidos formado por PP, PR, DEM, e PSD do ministro Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações). Brandt é ligado ao ex-senador catarinense Jorge Bornhausen, que esteve com Temer e Kassab no último sábado em São Paulo.
Outro nome que continua rondando a cadeira da Secretaria de Governo é o do ex-deputado João Henrique Sousa (PMDB-PI). Amigo pessoal de Temer, ele agrada aos demais ministros políticos do Planalto, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência), com os quais possui trânsito, já que foi dirigente da Fundação Ulisses Guimarães, presidida por ambos. Atualmente, ele é presidente do Conselho Nacional do Sesi e pré-candidato ao governo do Piauí.
João Henrique tem participado de reuniões com Temer e trata a nomeação como “boato”, o que é visto como uma maneira de se preservar. O ex-deputado já havia sido cotado para a articulação política do Planalto quando o ex-ministro Geddel Vieira Lima pediu demissão, mas acabou preterido por Imbassahy. O piauiense é réu, denunciado por corrupção passiva, em duas ações penais (uma das quais está prestes a receber sentença) e uma de improbidade administrativa por desvios na época que presidiu os Correios, caso que originou em 2005 o escândalo do mensalão.
Ele foi acusado de, por meio de subordinados, solicitar a empresários que disputavam contratos na estatal dinheiro e material para campanha de Confúcio Moura, eleito prefeito de Ariquemes (RO) em 2004, pelo PMDB. O advogado José Cupertino da Luz Neto disse que o Ministério Público não conseguiu comprovar o crime atribuído a João Henrique.
Deputados do PMDB dizem que o líder do partido na Câmara, Baleia Rossi (SP), trabalha pela nomeação de Marun e vetou a indicação de João Henrique porque ele não seria conhecido entre os atuais integrantes da bancada.
Segundo deputados que jantaram com Temer na noite de quarta, Marun ainda é o mais cotado para assumir o posto por ter mandato atualmente. Ele circulou nesta quinta-feira, 23, no plenário da Câmara e já era chamado de “ministro” pelos demais deputados. Há quem interprete, porém, que o vaivém em sua nomeação pode “queimar” seus planos de virar ministro.
Aliados do presidente, mesmo os que reconhecem a necessidade de substituir o Imbassahy, dizem que ele foi contra a tentativa de deputados peemedebistas de demitir o tucano publicamente, o que foi provocou a reação do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Um dos ministros mais próximos de Temer diz que Imbassahy foi fiel a Temer e não pode haver ingratidão.