Químico e Petroquímico | Basf

Não se pode falar da Basf sem olhar para sua história. Daqui a 18 meses, em abril de 2025, a companhia fará 160 anos. Quando nasceu, em Mannheim, cidade entre Frankfurt e Stuttgart, o Brasil ainda não era república. Nem a Alemanha existia como Estado da forma como conhecemos hoje. Um passado de peso no mundo corporativo costuma muitas vezes trazer duas coisas: boas fotos e cultura avessa a transformações. Cenário letárgico a organizações de diferentes segmentos, especialmente em tempos de acelerada inovação. Pois é exatamente o oposto da Basf. A empresa caminha com a leveza de startups visionárias.

E se prepara para uma jornada transformadora. Para ela. Para seus clientes. “Precisamos repensar nossos negócios de maneira que criem valor para o meio ambiente e para a sociedade, sem perder a rentabilidade”, afirmou à DINHEIRO Manfredo Rübens, presidente do grupo para a América do Sul. “Não há mais volta.”

A assertividade de Rübens traz o tom e a urgência necessários, mas que ainda são minoria entre os maiores líderes da indústria global. E o executivo não poupa palavras. “As mudanças climáticas são o maior desafio do nosso tempo.”

E acrescenta que os impactos não dizem respeito apenas à Basf, mas a todos. Empresas e pessoas. Para ele, isso vai mudar diretamente o modelo como os negócios são realizados hoje. “É um novo paradigma do qual ainda há muito a se fazer para que todas as organizações entendam a importância de seu papel enquanto agentes sociais.”

São dedos em duas feridas. Na obrigatoriedade da mudança. Na inserção do papel do mundo produtivo em causas de toda a sociedade. Sem abrir mão da sustentabilidade financeira.

No ano passado, as receitas globais somaram 87,3 bilhões de euros, 11% acima das de 2021, mas houve prejuízo de 627 milhões de euros. Não que a empresa ande rasgando dinheiro, mas isso não mudará sua missão ambiental.

“As mudanças climáticas são o maior desafio do nosso tempo.”
Manfredo Rübens, presidente para a América do Sul

Segue o executivo: “Por conta disso, colocamos a sustentabilidade no centro do que fazemos.” Uma decisão que ultrapassa seus muros. Porque uma coisa é cuidar e controlar as emissões a partir de seus produtos. Neles, as melhorias ainda impactam positivamente os clientes da cadeia — da indústria automotiva à agricultura, de cosméticos à construção civil. Outra é cuidar das fontes de energia para que a empresa se torne mais eficiente.

“Mas não basta apenas pensarmos na redução das emissões de Escopo 1 e 2.” Rübens se refere à classificação de emissões de acordo com o GHG Protocol. Pelo Escopo 1, mede-se o que é produzido pela própria empresa. No 2, acrescentam-se emissões indiretas, como a energia consumida.

O problema está no Escopo 3. Nele entra tudo o que é geração indireta que não foi medido no step 2, como viagens aéreas corporativas ou a locomoção de todos os funcionários. “Cerca de 70% da pegada de carbono dos nossos produtos vêm das matérias-primas que são adquiridas por nossos fornecedores, diretamente relacionadas às emissões de Escopo 3.”

“Estamos profundamente convencidos de que só será possível alcançar de forma sustentável os objetivos climáticos por meio da inovação baseada na química. Por conta disso, colocamos a sustentabilidade no centro do que fazemos.”
Manfredo Rübens, presidente da Basf para América do Sul

E calcular isso é o verdadeiro problema. “Mas será preciso, para garantir transparência ao produto que está sendo vendido. É um compromisso da Basf com a sustentabilidade.” A empresa tenta solucionar o problema com uma tecnologia própria, chamada Scott. Rübens fala da complexidade da operação. “Como identificar as emissões de CO2 em cada reação química de uma formulação? Como indústria de base, muitas vezes estamos no começo da cadeia de valor de um setor”, disse.

Compartilhar a pegada de carbono contribui para medir as emissões de Escopo 3. “Sabemos que é o maior desafio. Por isso, temos o orgulho de dizer que essa solução digital é única no mundo.” Esse tipo de propósito e atitude fez a empresa vencer na categoria Químico e Petroquímico do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO 2023. É o quarto ano seguido.

Criada em 2020, aprimorada no ano passado, ela entra agora em uma fase mais aberta. A companhia passou este ano a promover agendas para apresentar a metodologia como referência para a construção de um método único. “E até o final deste ano também pretendemos disponibilizá-la para o mercado, em parceria com algumas empresas de sotfware.”

Perguntado sobre qual slogan ele criaria para uma Basf do futuro, Rübens reafirma a crença no formato atual, o de criar química para um futuro sustentável. Mas acrescenta um conceito que, segundo ele, materializa a marca. “O termo verbunden, do alemão, que em português pode significar algo como conectado.”

Afinal, como ele lembra, tudo na companhia é pensado pelo prisma da perenidade. São 158 anos de vida, 112 anos de Brasil. “Nossa visão sempre será de longo alcance.”