11/04/2012 - 21:00
Acompanhar as movimentações em Wall Street deixou de ser privilégio de gestores de recursos e de investidores com cacife, conhecimento e tolerância ao risco suficientes para fazer os complexos investimentos no Exterior. Os contratos futuros do índice Standard & Poor’s de 500 ações, o famoso S&P 500, vão estar à disposição dos investidores nas próximas semanas no pregão da BM&FBovespa. Essa novidade vem no bojo de um agressivo programa de integração das bolsas de valores dos BRICS, sigla que representa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Além de negociar contratos futuros dos índices dessas bolsas, o pregão paulista vai oferecer negócios com derivativos do mercado americano – assim como a Bolsa de Chicago vai permitir que os investidores dos Estados Unidos comprem e vendam contratos futuros de índice Bovespa.
Pregão em Nova York: contratos de S&P 500 tornarão mais fácil investir na economia
real dos Estados Unidos.
“A ideia é proporcionar ao cliente doméstico a capacidade de investir lá fora”, diz Marcelo Maziero, diretor de produtos e clientes da bolsa. O investidor brasileiro terá pouco trabalho, pois o índice americano vai funcionar como o mercado futuro convencional. Os investidores compram e vendem contratos ao longo do dia. No fim do pregão, a bolsa divulga um preço de ajuste que define quem ganhou e quem perdeu. As liquidações diárias são creditadas ou debitadas nas contas dos participantes. A diferença é que essa cifra será fornecida pelo soar do gongo em Nova York. As compras e as vendas são realizadas por meio das corretoras autorizadas a operar na Bolsa, e todas as transações são feitas em real, sem necessidade de lidar com os meandros do mercado de câmbio, nem atrair a atenção do Fisco mandando e recebendo recursos do Exterior.
As indústrias dos Estados Unidos estão baratas, com sobras de caixa e prontas para investir.
Os acertos com a fera são simples. O imposto cobrado é de 15% sobre os ganhos, exceto no caso das operações day-trade. Nesse caso, a mordida sobre o ganho cresce para 20%. Menos conhecido dos brasileiros do que o índice Dow Jones ou o Nasdaq, que engloba os papéis de tecnologia, o S&P 500 é o principal indicador do mercado americano. “Ele mede o desempenho dos fundos de ações dos Estados Unidos”, diz a gestora de recursos paulista Cláudia Kodja, sócia da Kodja Investments. O índice é composto por ações de 500 empresas industriais americanas e o seu comportamento é um bom parâmetro do que se passa na economia real. Vale a pena investir? Segundo Cláudia, o momento das indústrias americanas é excelente.
“A maioria das companhias está com o caixa abarrotado e suas ações estão sendo negociadas com desconto”, diz ela. Pelos dados mais recentes, a relação preço/lucro (P/L) do S&P 500 está em 23,7. Esse indicador mede em quantos anos o lucro de uma empresa vai devolver ao investidor tudo o que ele pagou pela ação. O P/L atualmente vale pouco mais da metade do que o registrado no auge da crise. Além disso, esse índice tem sido bem mais estável do que o Ibovespa durante a crise (leia gráfico). “O resultado das empresas americanas tem sido muito positivo”, diz Fernando Meibak, sócio da empresa de consultoria financeira Moneyplan. “A economia é dinâmica, vem apresentando elevados ganhos de produtividade e as indústrias estão apenas à espera de oportunidades de investimento.”