14/01/2009 - 8:00

TAXA BOA: juro básico de 12% em 2009 deve superar com folga os 5% da inflação, preveem analistas dos bancos
EM PERÍODOS ECONÔMICOS TURBUlentos, a renda fixa reafirma seu papel de principal porto seguro dos investimentos. Os rendimentos de aplicações como a caderneta de poupança, os CDBs, os fundos de renda fixa e DI e dos títulos do governo podem não ser tão atrativos como no passado, mas garantem um sono tranquilo. Em 2009, a tendência é de pequena queda nos rendimentos. O juro básico, medido pela Selic, deve cair dos 13,75% ao ano para 12% até dezembro, segundo as previsões médias dos bancos. Ganhos um pouco maiores que isso em títulos privados e públicos continuam interessantes, pois ainda devem superar bastante a inflação esperada – média de 5%, segundo a pesquisa Focus, do Banco Central – e garantem a preservação do patrimônio e da liquidez. “É difícil ter apetite para tomar risco nessa hora. A bolsa de valores dificilmente voltará ao que era antes e a renda fixa continua sendo segura”, diz o diretor e estrategista-chefe do Barclays Capital para a América Latina, Paulo Hermanny.

A maneira mais simples de entender a renda fixa é pensar que os títulos são empréstimos, para o governo ou para os bancos. Os juros podem ser definidos no momento do contrato (prefixado) ou no resgate (pós-fixado). E o lucro é medido descontando a inflação do período, as taxas de administração e os impostos. Portanto, a dupla Selic-inflação é peça-chave na rentabilidade. Os papéis pós-fixados são a alternativa mais segura, porque o investidor não perderá o sono se a política monetária der uma guinada radical. Os títulos prefixados servem para diversificar a carteira e para quem pode manter o papel até o vencimento. O presidente da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima), Alfredo Neves, recomenda a compra de títulos do Tesouro vencendo até 2012. “Esses títulos estão sendo vendidos a 12,80% ao ano. Com a meta da inflação em 4,5%, os juros reais são cavalares”, diz ele.
Considerando todos esses fatores, os bancos montam fundos de renda fixa conforme o apetite para risco do investidor. Os fundos conservadores aplicam no mínimo 80% dos recursos em títulos federais ou ativos de baixo risco, como CDBs. Renda fixa de médio e alto risco compromete um percentual maior de sua carteira com ativos mais arriscados, como os títulos de empresas privadas. E como escolher a melhor opção? “A decisão sobre o melhor fundo depende do prazo que o dinheiro pode ficar aplicado”, diz o professor de finanças do Ibmec-SP, Marcelo Guterman. “Quem tem mais tempo pode arriscar mais”. Para prazos inferiores a um ano, ele recomenda os fundos DI.
No ano passado, os CDBs sugaram recursos dos fundos de renda fixa e DI, pois os bancos passaram a pagar juros maiores aos investidores, acima da variação do CDI (taxa de referência do mercado interbancário). Fizeram isso porque precisaram de recursos para emprestar aos clientes e por causa da crise de confiança que se instalou nos mercados. Em 2009, essa disputa pode ser menos acirrada, favorecendo a recuperação dos fundos. “Não se sabe se o mercado estabilizou, vai melhorar ou piorar. Se permanecer assim, o spread (margem de ganho dos bancos) vai cair e o ganho das carteiras dos fundos vai aumentar”, diz o diretor de renda fixa do HSBC Global Asset Management, Renato Ramos.