30/01/2013 - 21:00
Papéis avulsos
As conversas sobre a intenção do Banco do Brasil, de Aldemir Bendine, de aumentar sua participação no Banco Votorantim estão bem avançadas. As duas instituições divulgaram comunicados confirmando a intenção, mas frisaram que não cogitam a mudança do controle acionário. Há quatro anos, o BB adquiriu metade do Votorantim e a ideia é de que o banco aumente sua fatia com a compra de mais ações preferenciais, podendo chegar a 100% desses papéis – hoje o banco estatal possui 50,01%. Segundo William Alves, analista da XP Investimentos, a operação beneficiaria mais o Votorantim do que o próprio BB.
Segundo ele, uma maior participação do estatal reforçaria o porte do banco privado, aumentando sua capacidade de gerar recursos. “O Banco do Brasil, no entanto, pode ter seu resultado prejudicado pela forte inadimplência do Votorantim”, afirma Alves. “Isso impactaria na rentabilidade do banco.” Os investidores já reagiram. Na semana, até a quinta-feira 24, as ações do Banco do Brasil acumularam queda de 3,05%.
Transportes
Marcopolo compra participação no Exterior
A Marcopolo assinou contrato para investir US$ 116 milhões na fabricante de ônibus urbanos New Flyer, do Canadá, da qual se tornará a acionista majoritária. A operação acontecerá com a subscrição de 11,1 milhões de ações ordinárias, 20% do capital, a serem emitidas pela New Flyer e que serão compradas pela brasileira.
Educação financeira
Em O primeiro milhão para casais, o autor português Pedro Queiroga traça um manual econômico customizado para o público brasileiro, com conselhos e orientações para fazer com que o dinheiro dos casais renda ao máximo. Ed. Planeta, 160 páginas, R$ 24,90.
Touro x Urso
No cenário doméstico, o mercado estará de olho na divulgação dos resultados em 2012 dos bancos Bradesco e Santander. Nos Estados Unidos, estão no radar os resultados corporativos e a divulgação de números do comércio e imóveis.
Frigorífico
Boas notícias para a JBS
As ações do frigorífico JBS, da holding J&F, de Joesley Batista, fecharam a semana em alta de 6,90%. O avanço aconteceu por conta das notícias de que a empresa deve realizar um road show no Exterior e pelo afrouxamento do governo japonês às exigências para a importação da carne americana.
Quem vem lá
Linx prepara estreia na bolsa
A empresa de tecnologia da informação Linx, especializada em sistemas de gestão para o varejo, iniciou o processo para sua oferta pública de ações. Marcada para 8 de fevereiro, será a primeira abertura de capital da bolsa em 2013. A empresa espera captar até R$ 527,85 milhões. O objetivo é levantar recursos para fazer aquisições e reforçar seu capital de giro.
Fique de Olho: Depois de um 2012 fraco em aberturas de capital, a perspectiva de crescimento do Brasil para 2013 deve animar os empresários a partirem para a bolsa.
Destaque no pregão
Eletrobras devolve ganhos
Em reação à confirmação da presidenta Dilma Rousseff de que a tarifa da energia elétrica irá cair ainda mais para os consumidores e para as indústrias, as ações da Eletrobras foram um dos destaques de queda do Ibovespa, na quinta-feira 24. Com recuo de 7,53% para os papéis ordinários da empresa, e de 3,58% para os preferenciais, as ações da elétrica devolvem parte dos ganhos do ano. Mesmo assim, no acumulado de 2013, os papéis registram alta de 14,53% e 20,71%.
Palavra de analista:
Segundo a analista independente Cristiane Mancini, as quedas refletem a incerteza do investidor com o setor. “Não acredito que as ações cairão de forma contínua, mas o investidor segue desconfiado”, afirma.
Mercado em números
Cyrela
R$ 3,8 bilhões - Foi o valor dos lançamentos da construtora ao longo de 2012. O montante é 38% menor do que o registrado em 2011. No período, as vendas ficaram 17% abaixo das de 2011.
Multiplan
R$ 3,2 bilhões - É quanto a empresa de shopping centers atingiu em vendas, no quarto trimestre, alta de 15,2% em relação ao mesmo período de 2011.
Eztec
R$ 1,116 bilhão - É o montante obtido pela companhia com os lançamentos imobiliários de 2012, abaixo do piso da meta para o ano, de R$ 1,2 bilhão a R$ 1,4 bilhão.
MMX
R$ 774,2 milhões – É o valor do aumento de capital privado da mineradora após a primeira rodada de subscrição. Foram subscritos 197,5 milhões de ações, equivalentes a 56% do total disponível.
Vanguarda Agro
R$ 350 milhões – É o valor do aumento de capital da empresa agrícola, através da subscrição privada de 1,16 bilhão de ações da companhia.
Pelo mundo
Lucro da J&J dispara no quarto trimestre
O conglomerado americano do setor de saúde Johnson & Johnson registrou lucro líquido de US$ 2,57 bilhões no quarto trimestre, uma alta de mais de dez vezes sobre os US$ 218 milhões de 2011. A empresa foi impulsionada pela aquisição da Synthes.
Vendas da Unilever aumentam
Como reflexo da aceleração das vendas, o lucro anual da Univeler passou de € 4,25 bilhões em 2011 para € 4,48 bilhões em 2012. O crescimento aconteceu em meio a uma intensa competição e uma grande volatilidade de custos.
O investimento bilionário do McDonald’s
A rede americana de fast-food McDonald’s pretende investir US$ 3,2 bilhões no mundo, em 2013, cerca de US$ 300 milhões a mais do que no ano passado. O valor será suficiente para abrir até 1,6 mil restaurantes e reformar 1,6 mil lojas antigas.
Personagem
Dias doces na São Martinho
A alta dos preços internacionais do açúcar vem levando o conglomerado de usinas São Martinho, que opera três unidades no interior de São Paulo, a produzir menos etanol de cana. “Para que essa relação mude é preciso que os preços do açúcar recuem no mercado externo”, diz Augusto Braúna Pinheiro, diretor de RI da São Martinho. O objetivo é elevar sua capacidade de moagem de cana-de-açúcar para 19,5 milhões de toneladas por ano, um aumento de 6,6 milhões de toneladas sobre o patamar atual.
Augusto Braúna Pinheiro, diretor de RI da São Martinho: ”Só venderemos
terrenos se precisarmos de dinheiro”
O percentual de álcool adicionado à gasolina deve aumentar nas próximas semanas. Como isso afeta os negócios da São Martinho?
Os aumentos na quantidade de álcool adicionado à gasolina são, em geral, de cinco pontos percentuais. Quando ocorrer, ele deverá retirar dois milhões de litros de etanol do mercado, o que mexe com os estoques e os preços do combustível. No entanto, a decisão de produzir mais ou menos etanol vai depender do comportamento dos preços internacionais do açúcar.
Como decidir entre uma commodity e outra?
Hoje, cerca de 60% da nossa produção é dedicada ao açúcar. Tem sido mais interessante produzir açúcar, pois o preço está atraente e temos um câmbio favorável à exportação, que funciona como um hedge natural. Isso garante boas margens, mas não podemos dedicar 100% de nossos esforços em um único produto, porque há limites físicos para isso.
A empresa pretende aumentar sua capacidade de moagem?
Sim. Nosso planejamento prevê aumentar a moagem de cana-de-açúcar para 19,5 milhões de toneladas, em poucos anos. Ou seja, 6,6 milhões de toneladas a mais do que moemos hoje. Mas não definimos uma data específica para isso, nem quanto produziremos com esse volume adicional.
As terras para o plantio de cana estão em regiões valorizadas. Há a intenção de vender esses ativos?
Produzimos 70% da cana que consumimos e um terço dela é plantada em terras próprias, nas regiões de Piracicaba e de Ribeirão Preto, no interior paulista. Essas terras são ótimas e muito valorizadas. Só venderíamos terrenos se precisássemos fazer caixa, o que não é o caso.
Colaboraram: Patricia Alves e Fernando Teixeira